Dedico este trabalho a você, Pedro, que coloriu meus dias e fez minha vida mais feliz desde o momento que soube de sua chegada. Obrigada por colocar um sorriso em meu rosto mesmo nos momentos de dificuldade. Obrigada por eu ser a Titi do coração. v v O trem já partiu... Sua história passada contém elos perdidos das culturas não oficiais. Sua presença desvela um universo singular de representações. Com as ferrovias, muito claramente, a técnica se desgarra das formas que a produziram e assume feição sobrenatural. A paisagem dos caminhos de ferro torna-se, assim, remota, cujo duplo sentido dá conta das rupturas operadas simultaneamente nas relações com o tempo e o espaço, podendo-se aí configurar tanto uma localidade perdida quanto época irresgatável. A ordem cronológica quebra-se: o tempo da locomotiva -aquela que já fora celebrada como deusa do progressopermaneceu parado. As coordenadas geográficas esboroam-se: o trem extraviou-se em algum ramal solitário, em alguma estação sem nome. Por isso, velhos ferroviários guardam esse idêntico ar de mistério. Seus relatos possuem um toque épico indisfarçável. Sua memória não tem começo nem fim.