Diversas propostas epistemológicas, especialmente a partir da década de 60 deram passos concretos na formulação do conceito de racionalidade cientifica e avaliaram formas mais concretas de “contar” a história da ciência. O objetivo deste trabalho é avaliar a adequação da concepção de Larry Laudan, um dos filósofos da ciência mais fecundos deste período, sobre o conceito de progresso científico. O episodio que escolhemos para servir de “estudo de caso” sobre algumas das mais famosas teses de Laudan está relacionado com o nascimento da teoria da relatividade e, consequentemente, da cosmologia científica moderna: o famoso eclipse total do Sol, ocorrido em 1919 e registrado simultaneamente, na cidade de Sobral do Ceará e na ilha do Príncipe, no Sul da África. Apresentaremos alguns detalhes históricos e biográficos sobre este episódio que consideramos ainda pouco explorado, posteriormente avaliamos em que sentido a epistemologia de Laudan se adéqua a esse exame histórico e, em alguns aspectos, podemos compará-la com alguns de seus contemporâneos, especialmente Popper, Kuhn e Lakatos. Tal estudo comparativo coloca em destaque uma série aspectos importantes e, num primeiro olhar, uma importante contradição: se por um lado as propostas epistemológicas precisam resistir ao exame histórico (crítica bastante contundente feita por Kuhn a Popper), por outro lado, nem sempre a histórica da ciência se mostrou plenamente racional (como enfatizado, por exemplo, por Laudan). Feita essa ressalva, podemos apresentar neste breve resumo uma importante conclusão: o exame desde episodio histórico apresenta uma compatibilidade enorme com a descrição Laudaniana de progresso e mudança científica, especialmente por pôr em relevo um aspecto ressaltado por este autor e quase ignorado por Kuhn e Lakatos: a importância dos problemas conceituais.