Quem fica desempregado primeiro? Uma análise de transição

Abstract

Resumo Este artigo tem por objetivo analisar a transição do estado de emprego para o desemprego no mercado de trabalho brasileiro visando compreender que efeito a qualidade do posto de trabalho atual possui sobre a probabilidade de o trabalhador perder sua ocupação no período futuro. A intenção é entender o quanto as características pessoais, socioeconômicas, capital humano e as características de ocupação podem influenciar na probabilidade de os trabalhadores transitarem para o desemprego. São usados dados da Pesquisa Mensal do Emprego dos anos de 2002 a 2016. Os resultados apontam que trabalhadores alocados em categorias mais altas têm menor probabilidade de perder seu posto de trabalho. Ademais, é observado que a escolha da categoria da ocupação tende a ser mais importante para as mulheres, ou seja, os efeitos de uma escolha inadequada hoje afetam negativamente a probabilidade de emprego futura.

Transições ocupacionais e tempo investido no mercado de trabalho brasileiro por cor e por sexo entre 2012 e 2021

“…Para o mercado de trabalho brasileiro, Ruesgas et al ( 2014) apresentam estimativas que mostram efeitos que a mobilidade entre segmentos ocupacionais pode exercer no diferencial de remunerações segundo sexo. Santos et al (2021) mostram que as transições ocupacionais são mais importantes para explicar a probabilidade de desemprego futuro entre as mulheres. Higano et al (2023) encontram um impacto mais positivo da mobilidade ascendente entre os trabalhadores de maiores salários.…”

“…A importância de analisar tanto a mobilidade ocupacional como o tempo investido em cada condição no mercado de trabalho ou em cada tipo de ocupação está em melhor entender os efeitos da segmentação do mercado de trabalho, que pode gerar grupos de trabalhadores com baixo estoque de experiência e de capital humano específico, sem futuro profissional definido. Estes trabalhadores tendem a possuir maior dificuldade de realocação profissional e provavelmente estarão mais vulneráveis às mudanças involuntárias de emprego ou de condição de ocupação - Santos et al (2021). Uma implicação prática é a de que as políticas públicas que visam à equalização salarial não devem levar em consideração apenas a situação ocupacional presente dos trabalhadores, mas também devem considerar o nível e a qualidade entre condição de ocupação e tipos de emprego.…”