que estudantes nos contam sobre as entrevistas narrativas

Abstract

Romper com o modelo biomédico é necessário, e o ponto inicial pode vir com a compreensão da narrativa do usuário ou da usuária. Este estudo buscou avaliar a compreensão de estudantes de medicina das narrativas de adoecimento, utilizando a entrevista McGill Illness Narrative Interview (MINI). Trata-se de estudo exploratório, descritivo e qualitativo, realizado durante cinco semanas com 11 estudantes do quinto ano de uma universidade privada, no internato de Medicina de Família e Comunidade, que prestavam atendimento a 29 pessoas usuárias de unidades de saúde. Por meio de encontros individuais on-line, foram levantadas questões sobre essa experiência. Os relatos foram inseridos em núcleos argumentais, o que possibilitou o estabelecimento de relações com o referencial teórico da Medicina Narrativa, da Antropologia Médica e da Clínica Ampliada. Para os alunos e alunas houve uma nova experiência de entrevista clínica, uma valorização da narrativa e o desejo de incorporar uma abordagem mais ampliada à sua prática, embora não contemplem incorporar o MINI na sua forma integral, atribuindo a isso dificuldades na rotina médica. Acreditamos que o MINI pode colaborar com a aquisição de competências interpretativa e narrativa em estudantes, embora o ensino esteja ainda, em parte, vinculado ao modelo biomédico.

Ensino Baseado Em Narrativas: Representações De Alunos De Um Curso De Fisioterapia

“…Narrativas de adoecimento vêm sendo utilizadas, desde o final do século passado, com vistas ao estímulo da escuta ativa e empática, da humildade e do privilegiar o protagonismo de quem narra a história, baseadas em competências relacionais 5,[18][19][20] .…”

“…No caso da contratransferência, como o aqui ocorrido, o não escutar com atenção, o interromper precocemente, o julgar e o identificar--se são seus efeitos. Aspectos que foram demasiadamente penosos para o(a) profissional de saúde, principalmente no âmbito familiar, costumam ser os desencadeadores da contratransferência, bloqueando a relação profissional [9][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19][20][21][22] . Na fala de uma das graduandas, notaram-se essas questões, as quais impossibilitaram que ela continuasse a ouvir atentamente a pessoa da qual colhia a narrativa.…”

“…As evidências demonstram que as narrativas, por promoverem empatia, formação do vínculo e responsabilização, possibilitam ampliar a visão para além da doença, permitindo entender, na prática, conceitos tais como a integralidade da atenção 5,6,8,9,20 , como comentado pelos(as) educandos(as) participantes do projeto. Por aliarem competências humanísticas às técnicas, podem favorecer o trabalho na APS.…”