“Que dívida? Eu nunca escravizei ninguém!”: escravidão, trauma cultural e consciência histórica

Abstract

Este artigo parte de duas reportagenssobre a fala do candidato Jair Bolsonaroem relação ao tráfico de escravos e ascotas raciais para analisar a formação eos impactos da consciência histórica navida das pessoas e qual o papel da escolae dos variados meios que divulgam informaçõeshistóricas nesse processo. Apartir do conceito de trauma cultural, oartigo estuda como a naturalização daescravidão e as informações históricasfalsas interferem na formação da identidadee na elaboração de políticas reparatórias.O artigo discute, ainda, como aescola e o ensino de História podematuar para fortalecer as memórias da comunidadenegra, respeitando o seu passadotraumático.

O Movimento Social Negro: Sua Origem E Reconfiguração Na História Brasileira

“…O movimento tem lutado para isso, entretanto, segundo Costa (2021), nos últimos anos cresceu o número de manifestações contrárias às políticas que buscam a inclusão social. Nesse contexto contraditório, reafirma-se que o racismo e a luta do Movimento social Negro precisam ser compreendidos além da experiência imediata de ações individuais.…”

A disciplina de História e o documento curricular do Estado do Pará:

“…Segundo Costa (2021, p. 142), A escravidão histórica de africanos e seus descendentes é um grande trauma na humanidade, mesmo que no presente as pessoas não tenham tido essa vivência, uma vez que a experiência direta de um indivíduo em um evento não é condição necessária para sua inclusão no processo de traumas. Costa (2021) descreve que não é necessariamente só a experiência do fato em si que pode produzir os traumas, mas as lembranças mediadas por diversos mecanismos como livros e etc. Diante disto, um dos reflexos desse processo de desumanização de pessoas negras, é o racismo, um elemento constantemente alimentado e estimulado por uma lógica branca elitista, assentada em um passado escravocrata.…”