Qualidade de vida, engagement, ansiedade e depressão entre gestores de Unidades da Atenção Primária à Saúde

Abstract

Os profissionais que gerenciam serviços de saúde precisam ter conhecimento e equilíbrio emocional. No entanto, a falta de investimentos em infraestrutura e políticas públicas pode tornar as condições de trabalho precárias e favorecer o adoecimento do trabalhador, comprometendo o funcionamento e a efetividade dos serviços de saúde brasileiros. OBJETIVO: Avaliar qualidade de vida, engagement, ansiedade e depressão entre gestores das Unidades de Saúde da Família. MÉTODOS: Estudo transversal com 15 gestores de Unidades de Saúde da Família. Dados coletados com Whoqol-bref (Fleck et al., 2000); Escalas de Ansiedade (BAI) (Gomes-Oliveira et al., 2012) e Depressão de Beck (BDI-II) (Beck et al., 1988); Utrech Work Engagement Scale (UWES) (Vazquez et al., 2015). RESULTADOS: Idade variou entre 24 e 55 anos. Houve prevalência do sexo feminino (80,0%), sobrepeso ou algum grau de obesidade (20,0%) e casados (53,3%). Tempo médio de atuação na Estratégia Saúde da Família de 2,9 anos. Os escores de qualidade de vida foram superiores a 58,0. O maior escore foi para o domínio Físico (60,8) e o menor escore para o domínio Meio Ambiente (58,4). Observado algum grau de ansiedade em 33,3% e depressão leve em 26,7%. Os profissionais apresentaram nível médio de engagement em todas as dimensões da UWES. CONCLUSÃO: Os gestores apresentam bom nível de qualidade de vida, com diminuição no domínio Meio Ambiente; os escores de engagement estão no nível médio. Os índices de ansiedade e depressão presentes podem ser decorrentes do desgaste profissional gerado pelo processo de trabalho gerencial.

Anxiety, depression, and work engagement in Primary Health Care nursing professionals

“…De acordo com a literatura, são inúmeros os fatores relacionados com o trabalho, que colaboram para o surgimento dos transtornos de ansiedade em enfermeiros da Estratégia Saúde da Família, como a sobrecarga de atividades, a falta de profissionais nas equipes tornando-as incompletas, as barreiras burocráticas que dificultam o desempenho laboral e o relacionamento interpessoal prejudicado. Nesse contexto, ao elucidar as dificuldades advindas do processo de trabalho é possível evidenciar a origem da manifestação da ansiedade entre estes profissionais e compreender alguns problemas que se desenvolvem posteriormente, como a insatisfação profissional, o absenteísmo, a improdutividade, os acidentes de trabalho e demais doenças ocupacionais (4) .…”

“…Há evidências de que um número importante de profissionais da saúde apresenta níveis relevantes de ansiedade e depressão. Estudo com enfermeiros que gerenciam serviços de Atenção Primária à Saúde revela que a ocorrência desses transtornos pode ser atribuída ao cansaço dos profissionais que sofrem com a má gestão e alta demanda de trabalho, além de desordem na distribuição das tarefas e escassez de investimentos em recursos de estrutura física, material e humana (4) .…”

“…No entanto, observa-se que em certos casos, independentemente do nível de exigência das atividades de trabalho, alguns profissionais não apresentam sinais de exaustão e desgaste, mas de prazer e satisfação com a realização do seu trabalho, mesmo diante de grandes exigências. Esses profissionais apresentam altos níveis de work engagement, um fator motivacional positivo e de satisfação frequente com o trabalho, considerado um recurso de prevenção ao Burnout, pois tende a promover maior motivação, comprometimento e engajamento dos profissionais para o desenvolvimento de seu trabalho (4)(5) .…”

“…O work engagement é um mecanismo de extrema importância que pode ser difundido com a promoção de mudanças no ambiente de trabalho, onde o profissional irá desenvolver o seu trabalho com maior eficácia, entusiasmo e comprometimento. Este constructo engloba três dimensões: a Dedicação, que corresponde ao nível de envolvimento e entusiasmo do trabalhador com a atividade laboral; a Absorção, que consiste no nível de concentração do trabalhador, de forma prazerosa; e o Vigor que compreende o nível de energia e resiliência mental do trabalhador (4)(5) .…”

A prática profissional em Centro de Atenção Psicossocial: A produção científica na pós-graduação

“…No ambiente de trabalho o profissional necessita de equilíbrio emocional. Contudo, o contexto brasileiro expõe o trabalhador à falta de investimentos o que torna as condições de trabalho precárias, contribuindo ao adoecimento do profissional e comprometendo a qualidade do cuidado prestado no serviço de saúde (Lourenção, 2018).…”