Introdução: Desde as primeiras descrições da esquizofrenia, sua heterogeneidade clínica é um fenômeno que tem desafiado a nosologia psiquiátrica e trazido debates recorrentes acerca de sua subcategorização. Embora a tendência atual dos manuais diagnósticos aponte para uma extinção dos subtipos nesse transtorno, um conjunto crescente de estudos tem corroborado a teoria de um quadro com sintomas negativos primários e persistentes, a Síndrome Deficitária (SD) da Esquizofrenia, com características neurobiológicas, clínicas, genéticas e de neuroimagem próprias.Objetivo: Na tentativa de contribuir para esse debate, com o desenvolvimento desta pesquisa, procurou-se avaliar, longitudinalmente, a estabilidade diagnóstica, os aspectos sociodemográficos e psicopatológicos de um grupo de pacientes com esquizofrenia previamente classificados em três categorias, segundo critérios da SD.Métodos: Foram avaliados 48 pacientes com esquizofrenia, dentre um grupo de 85 pessoas que haviam participado de um primeiro estudo há cerca de oito anos.Repetiu-se os instrumentos do estudo inicial de avaliação diagnóstica, psicopatológica, cognitiva, socioeconômica e de qualidade de vida, a fim de comparar como esses aspectos se mantiveram nos participantes divididos entre os três grupos. Resultados: A reavaliação mostrou uma tendência à conversão de pacientes para o grupo que preenche critérios para a SD, assim como uma estabilidade entre os incialmente incluídos nessa categoria. O seguimento também evidenciou diferenças psicopatológicas, de qualidade de vida e cognitivas com relevância estatística, considerando a divisão dicotômica em relação à presença da síndrome. Conclusão: O presente trabalho reforça a validade do diagnóstico da SD, evidenciando longitudinalmente sua estabilidade e características clínicas próprias.Além disso, aponta para uma tendência à conversão de pacientes, ao longo do tempo, para o grupo da SD, o que pode representar um aspecto dimensional da síndrome.