Psicologia Social do Protesto: Um Panorama Teórico a partir da Realidade Brasileira

Abstract

Resumo Este artigo objetiva apresentar as principais contribuições da psicologia social do protesto articulando tal proposta a ações coletivas e movimentos sociais brasileiros. A psicologia social do protesto tem como foco de análise o comportamento social dos indivíduos e sua questão central é o entendimento da razão pela qual as pessoas participam ou não de protestos. Suas origens remetem à dimensão psicossocial das teorias clássicas de movimentos sociais: teoria do colapso social; teoria da mobilização de recursos; teoria do processo político; e teoria dos novos movimentos sociais. São identificados três grandes motivos para a participação dos indivíduos em movimentos sociais e protestos: instrumentalidade; identidade; expressividade e emoções. A partir desses motivos é realizada uma análise que aborda a dimensão dos sujeitos (lado da demanda), a dimensão dos movimentos e organizações (lado da oferta) e a articulação entre elas (mobilização). Além de apresentar a teoria, o texto busca ilustrar proposições da psicologia social do protesto por meio de elementos da realidade política brasileira. Entende-se que a psicologia social do protesto pode contribuir para o entendimento e a ação em movimentos sociais no contexto brasileiro e latino-americano instrumentalizando acadêmicos, psicólogas e militantes.

Só a luta muda a vida: um estudo sobre lutas sociais e mandatos coletivos na atual crise da democracia brasileira

“…Além da ampla literatura sobre psicologia e movimentos sociais, há também um campo de pesquisa sobre o assunto denominado "Psicologia Social do Protesto" (Rosa & Klandermans, 2022). Assim, em um mesmo contexto objetivo, as pessoas pensam, sentem e agem de forma diversa, conforme sua experiência singular, única e irrepetível, ainda que, no limite, a ação individual sempre seja parte de uma história humana compartilhada e possa ser analisada enquanto acontecimento social.…”

“…Isso não significa que os ganhos psicológicos de fazer parte de um coletivo e fomentar uma identidade política estejam apartados da vivência de situações negativas, muitas delas relacionadas com situações de desrespeito. A depender da pauta, forma de organização do movimento e do estilo de vida das pessoas, o engajamento na luta pode resultar não apenas em processos de aprendizado político quanto aos repertórios de ação do grupo, mas também em modos de canalizar as motivações emocionais e expressivas de cada pessoa (Rosa & Klandermans, 2022). 61 Após os protestos nas ruas, os grupos permaneceram ativos e mostraram-se capazes de formar lideranças, como Paulo Galo, o Galo de Luta (@galodelutaoficial).…”