Psicanálise, infâncias e vulnerabilidades: as crianças nos espaços da cidade

Abstract

Este artigo tem como objetivo traçar um panorama acerca dos lugares de vulnerabilidade que as crianças têm ocupado nos cenários da pólis e identificar possíveis modos de cuidados para com elas. Trata-se de uma reflexão teórica que problematiza a maneira como as dinâmicas sociais interferem na constituição subjetiva dos sujeitos. Foram retomados alguns conceitos fundamentais para Freud, como o desamparo e o mal-estar civilizatório, refletindo sobre como estes se presentificam na formação dos laços sociais na conjuntura contemporânea das infâncias. Coube, ainda, enfatizar o processo de segregação e a desigualdade social que compõem a construção das cidades no Brasil, colocando em cena a situação das crianças nestes cenários. Finalmente, considerou-se as possibilidades de cuidado à infância, interessando à psicanálise o sujeito do inconsciente e a circulação da palavra.

A atuação do psicólogo no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) com crianças vítimas de violência: Uma perspectiva psicanalítica

“…Essa premissa também é válida e se aplica ao atendimento de crianças vítimas de violência. Apesar de ser comum que elas não tenham o total domínio da linguagem verbal e, portanto, não possam expressar com clareza através da fala suas experiências e sentimentos em relação ao vivido, não se se pode dizer que elas não associam livremente, pois através de suas brincadeiras elas narram seu conteúdo psíquico (Gageiro, et al, 2019;Teixeira, et al, 2021). Os três psicólogos que participaram da entrevista mencionaram a necessidade da utilização do lúdico ao se trabalhar com as crianças.…”

“…Sendo assim, as crianças levam muito a sério essa atividade e mobilizam grande quantidade de afeto para realizá-la. Dessa maneira, o psicólogo utiliza o brincar como uma ferramenta que possibilita escutar as experiências das crianças (Gageiro, et al, 2019;Teixeira, et al, 2021).…”

“…Além disso, deve possibilitar a superação da violação sofrida e a reparação dos direitos (CREPOP, 2009). Diante disso, a psicanálise complementa a atuação ao favorecer o surgimento do sujeito do inconsciente e permitir que as crianças se estabeleçam como seres desejantes (Rodrigues, 2016;Teixeira, et al, 2021).…”

“…Contemplando o descrito anteriormente, pode-se concluir que falar da psicanálise atuando com crianças é falar de um trabalho que entende que cada criança vai circular por um lugar social e se construir de maneira diferente e, que tem como objetivo evidenciar a criança como um sujeito desejante, com direito de construir e contar sua própria história. Além disso, possibilita às crianças um ambiente acolhedor de escuta que as leve a falar ou encenar através do brincar, suas vivências e sentimentos, o que permite a elas romperem com as repetições da violência e construírem novos sentidos para sua existência (Gageiro, et al, 2019;Teixeira, et al, 2021).…”