Recebido a 4 de julho de 2014; aceite a 10 de setembro de 2014 Disponível na Internet a 23 de outubro de 2014
PALAVRAS-CHAVETrombose venosa ilio-femoral; Trombólise dirigida por cateter; Qualidade de vida Resumo Objetivo: Caraterizar o síndrome pós-trombótico e a qualidade de vida em doentes com antecedentes de trombose venosa profunda (TVP) ilio-femoral, possíveis candidatos a trombólise dirigida por cateter na altura do diagnóstico. Material e métodos: Revisão retrospetiva dos processos clínicos dos doentes com o diagnóstico de TVP ilio-femoral de 1 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2013. Seleção dos doentes de acordo com os critérios consensualmente aceites para trombólise dirigida por cateter na altura do diagnóstico. Entrevista clínica, realização de eco-Doppler venoso dos membros inferiores com preenchimento da escala Villalta e dos questionários SF-36 e VEINES-QOL/Sym. Resultados: Durante este período foram observados, no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, 369 doentes com TVP dos membros inferiores. Destas, 39 envolviam o sector ilio-femoral em doentes potencialmente candidatos a trombólise dirigida por cateter. Compareceram à convocatória 28 doentes, sendo 85,7% do sexo feminino. Sessenta e quatro por cento dos doentes usava regularmente meia elástica de contenção. Quarenta por cento dos doentes apresentavam um fator de trombofilia. Mais de 80% evidenciava alterações ao eco-Doppler, sendo que 46% mantinha oclusão venosa e 36% refluxo ilio-femoral. Do total dos doentes avaliados, 21% apresentava insuficiência femoro-poplítea. Cerca de 90% dos doentes evidenciava síndrome pós-trombótica, sendo grave em 18%. A qualidade de vida global, representada pelo estado geral de saúde, foi classificada como má em 43% dos doentes. A vitalidade e a saúde mental foram os domínios mais negativamente influenciados. Na análise estatística, os doentes com piores pontuações nos questionários de qualidade de vida foram os com síndrome pós-trombótica, as mulheres, os doentes com trombose no membro inferior direito, com refluxo ≥ 2 segundos, com insuficiência distal ao segmento envolvido pela TVP e quando a mesma foi diagnosticada no primeiro mês após um procedimento cirúrgico. Conclusão: Neste estudo verificamos uma elevada frequência de síndrome pós-trombótica e a uma diminuição significativa da qualidade de vida. Um subgrupo de doentes apresentou resultados particularmente preocupantes. Estes resultados sugerem que deverá ser considerado um ଝ Apresentado no XIV Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, Braga 2014, como comunicação oral. * Autor para correspondência. Correio eletrónico: miguelopmm@hotmail.com (M. Maia).