Proposta de sistema agroflorestal em reserva legal de propriedade leiteira no Vale do Taquari/RS

Abstract

O Vale do Taquari é uma região do estado do Rio Grande do Sul cuja produção de leite é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas por pequenos produtores familiares em cooperação com empresas de laticínios, cuja renda com sua comercialização pode variar, pois recebe conforme qualidade do produto. Assim, o produtor vê a lavoura de grãos como complementação da renda, sendo que o método de plantio no RS é de monocultura, utilizando-se agrotóxicos para manutenção dos plantios, prática insustentável. O Sistema Agroflorestal (SAF) vem como uma proposta de manejo sustentável, podendo ser aplicado em áreas de Reserva Legal (RL), gerando-se renda em local não visualizado pelo produtor como rentável. Contudo, o objetivo do estudo é propor modelo de SAF na área de RL de uma propriedade produtora de leite no Vale do Taquari/RS. O método utilizado consiste em um roteiro de entrevistas com o produtor, análise de fertilidade do solo da RL, estudo florístico e conferência em bibliografias de cultivares adequados à área. Analisou-se que a área de RL possui um solo levemente ácido devido à predominância de K no solo, necessitando equilibrar com as substâncias básicas Ca e Mg em todas as Células Amostrais (CAs). Dos demais parâmetros de fertilidade, somente Fe não foi detectado. Para tanto, foram selecionadas espécies para adubação verde para recompor os nutrientes no solo, ao mesmo tempo que podem reduzir sua acidez. Foi observado que 29,5% das espécies registradas na RL possuíam potencial agroflorestal com comercialização de frutos, sementes e outras partes botânicas. Para manter a originalidade da floresta, foram selecionadas as frutíferas nativas cereja, guabiroba e morango-silvestre, bem como frutíferas exóticas mirtilo e fisális, para compor o SAF em RL. Para a área de possível expansão do SAF, foram selecionadas frutíferas nativas, espécies propostas pelo produtor rural (erva-mate, abacate e noz pecã) e hortaliças, além de espécie melífera para atrair polinizadores. Conclui-se que é possível realizar o manejo sustentável em área de RL por meio de SAF, onde este estudo pode mostrar à região uma nova forma de produção, além de oferecer à comunidade um produto diferenciado, sem uso de agrotóxicos, que preserva o meio ambiente e promove a qualidade de vida