O presente trabalho tem por objetivo compreender o funcionamento da rasura oral através da repetição e da entonação quando uma díade de alunas recém-alfabetizadas escreve em colaboração um único texto. Inserida no campo da Linguística Textual, a presente pesquisa se apoia nos estudos enunciativos propostos por Benveniste (1991; 2006), pela relação dialógica em que se encontram as alunas, e na Genética Textual, por se voltar para a análise do processo de escritura e não apenas para o produto final e por trazer conceitos essenciais para nosso trabalho, tais como os de rasura e manuscrito. O corpus utilizado faz parte do banco de dados Prática de Textualização na Escola (PTE), pertencente ao Laboratório do Manuscrito Escolar (L’ÂME), e é constituído por filmagem, áudio, transcrição e o produto final de cada processo, o manuscrito. Para a presente pesquisa, foram analisados 18 processos de escritura, de uma díade de alunas com idade entre 7 e 8 anos, coletados nos anos de 1991 e 1992, durante o primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental, respectivamente, em uma escola particular da cidade de São Paulo – SP. Apartir da análise e discussão dos dados, pôde-se compreender um pouco mais do funcionamento da rasura oral, elemento inerente ao ato de escrita em pares e contribuir para os estudos da gênese textual e escrita colaborativa.