Produção De Enzimas Celulolíticas Fúngicas Por Fermentação Em Estado Sólido

Abstract

RESUMO -Neste trabalho, propôs-se obter, por fermentação em estado sólido (FES), enzimas que possam ser aplicadas na hidrólise de biomassa lignocelulósica. O fungo termofílico Myceliophtora thermophila I-1D3-b foi cultivado em farelo de trigo e em serragem de madeira, resíduos agroindustrais abundantes no território em que se situa o campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Foram testados diferentes tamanhos de partículas e teores de umidade dos substratos. Não houve desenvolvimento do fungo na serragem de madeira, mas o farelo de trigo proporcionou condições adequadas ao crescimento do fungo e à produção de enzimas celulolíticas. Foram analisadas as atividades dos extratos obtidos, tendo-se concluído que o tamanho de partícula e o teor de umidade não influenciaram significativamente as atividades de endoglucanase e de papel de filtro dos extratos. Ademais, os extratos obtidos do cultivo do fungo em farelo de trigo apresentavam valores interessantes de atividade papel de filtro. INTRODUÇÃONeste momento de discussão da matriz energética mundial e de busca por fontes de energia limpas e renováveis, as enzimas celulolíticas chama atenção da comunidade científica e industrial tendo em vista sua aplicação na hidrólise de materiais lignocelulósicos na cadeia de produção de etanol de segunda geração. Tal denominação vem do fato de o etanol de segunda geração ter como matéria-prima açúcares provenientes da quebra das cadeias de celulose e hemicelulose que advém de biomassa residual, tais como caules, folhas, cascas, farelos e bagaços, que são sobras da agroindustrias, já que o produto primário de interesse já fora extraído.Tendo em vista que a base da economia da região em que se situa o campus Lagoa do Sino da UFSCar é agro-madeireira, com destaque para a produção de grãos, dentre estes o milho e trigo, e de madeiras, dentre estas pinus e eucalipto, destacam-se como rejeitos dessas agroindustrias a palha de milho, o farelo de trigo e a serragem de madeira, respectivamente. Dos carboidratos na casca e no farelo de trigo, aproximadamente 34 e 32% são de celulose e hemicelulose, respectivamente, longas cadeias de glicose que podem ser quebradas para fornecer açúcares para a cadeia de produção de etanol de segunda geração. Considerando-se que 50 % dos resíduos de trigo estariam disponíveis para a conversão, mais de 600 milhões de litros de etanol podem potencialmente ser produzidos (FERREIRA-LEITÃO et al., 2010).