“…Ainda que não exista uma mensuração em relação à qualidade do preenchimento e tramitação dos processos de notificação através dos dados disponibilizados no SINAN, alguns estudos empíricos (MENEZES et al, 2014;SCHRAIBER, et al, 2007;SALIBA et al, 2007;MELO et al, 2013;KIND et al, 2013;CORTES et al,2015) demonstram claramente a possibilidade de considerarmos que os agentes responsáveis pelo atendimento das mulheres em situação de violência na área de saúde, em muitos casos, acabam por inserir sua percepção valorativa no preenchimento das ocorrências, arraigada de crenças, sentidos e significados atribuídos à violência contra a mulher, relacionados culturalmente à desigualdade de gênero, implicando assim, na subenumeração dos dados disponíveis. Essa mediação, segundo Cortes et al(2015), reporta a uma situação na qual a interferência do agente público, dentro do processo de transformação da informação, apropria-se da informação e, através de seu background -valores culturais, visões ideológicas, interesses, status econômico -, produz escolhas, novos conhecimentos e, consequentemente, valores e perspectivas para seus objetos.…”