Processamento dos afixos do PB: o reconhecimento de morfemas por crianças não alfabetizadas e em processo de alfabetização

Abstract

Este artigo discute como se dá o processamento de pseudopalavras formadas por um morfema-base e por afixos em crianças não alfabetizadas e em crianças que estão em processo de alfabetização, falantes nativas do Português Brasileiro (PB), por meio da aplicação da Tarefa de Reconhecimento de Pseudovocábulos, que avalia a capacidade de a criança reconhecer e processar os afixos do PB e verificar a interpretação do significado que cada afixo veicula ao juntar-se ao morfema lexical. A atividade foi composta por pseudopalavras que, em sua constituição, mostram afixos pertencentes ao PB; a combinação do morfema-base com o afixo deriva palavra não dicionarizada que poderia pertencer ao léxico da língua (ex.: descruel). Para tanto, foram contadas histórias aos sujeitos e, posteriormente, foram feitas perguntas relacionadas às pseudopalavras. O corpus foi constituído por dados de dezesseis crianças monolíngues, subdivididas em quatro faixas etárias. Os resultados apontaram que a maioria dos informantes interpretou o significado dos pseudovocábulos, indicando a capacidade que as crianças têm de refletir sobre a função e o significado dos morfemas. Os dados foram analisados com base em concepções teóricas da Aquisição da inguagem, da Aquisição da Morfologia e da Consciência Morfológica (BORGES, 2015; SEIXAS, 2007; LIMA, 2006, LORANDI, 2006).

Consciência morfológica: o emprego de sufixos agentivos por crianças não alfabetizadas e em processo de alfabetização / Morphological Awareness: the Use of Agentive Suffixes by Illiterate Children and Children in the Literacy Process

“…De acordo com a literatura (BORGES; MAZZAFERRO; MATZENAUER, 2018; SEIXAS, 2007), a avaliação da consciência morfológica é feita por meio de tarefas. Essas tarefas têm como objetivo medir o desempenho dos sujeitos em circunstâncias que necessitam de uma reflexão sobre o significado das palavras, bem como a capacidade que as crianças possuem de identificar e manipular os morfemas da língua (BORGES, 2015). As tarefas desempenham papel crucial na metodologia desta investigação.…”

“…Ao criá-las, a criança já evidencia capacidade de operar com morfemas, o que está reconhecido nesses estudos, mas as análises não se detêm em considerações sobre a consciência morfológica. Borges (2015) defende que as crianças de 4 anos já possuem algum nível de consciência morfológica, ao mostrarem capacidade de manipular os morfemas, por exemplo, ao criar pseudovocábulos a partir das unidades licenciadas pela língua. Sendo assim, verificou que a consciência morfológica é uma capacidade adquirida de forma progressiva, que vai aumentando com a idade das crianças e, de modo particular, com o contato com o processo de alfabetização.…”

“…Este estudo teve o seu ponto de partida nos dados coletados na dissertação de mestrado desenvolvida por Borges (2015), que teve como objetivo descrever e analisar a consciência morfológica em crianças não alfabetizadas e em processo de alfabetização, considerando o processo de produção e de reconhecimento de morfemas. O estudo aqui apresentado constitui-se em uma ampliação da análise proposta por Borges (2015).…”

“…A precocidade do emprego de sufixos em comparação com prefixos foi corroborada no estudo deBorges (2015), com dados de crianças falantes nativas do PB.…”