Prevenção do assédio moral no trabalho na visão de servidores público do judiciário

Abstract

O assédio moral (AM) no trabalho é um fenômeno em expansão, devido às práticas associadas aos modos de gestão atuais. Destacam-se também os prejuízos na saúde das vítimas de AM, justificando a importância de combatê-lo. Investigou-se, na visão dos servidores público do judiciário, o que pode auxiliar na prevenção do assédio moral no trabalho. Trata-se de um estudo qualitativo com delineamento exploratório. Foram participantes da pesquisa 15 servidores de uma Instituição do Poder Judiciário na Região Sul do Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo, classificando as intervenções voltadas para a prevenção do AM em três níveis: nível 1 para indivíduos envolvidos diretamente; nível 2 para grupos de trabalho; nível 3 com foco na organização e gestão do trabalho. Os resultados indicaram a necessidade de intervenções abrangentes voltadas para o fortalecimento da comunicação, apoio e cooperação no trabalho, criação de canais de escuta e de apoio psicológico, treinamento/desenvolvimento de gestores e intervenções direcionadas para uma cultura mais democrática e não violenta na organização pública estudada. Estes achados foram discutidos à luz da abordagem da Psicodinâmica do Trabalho, a qual destaca que o espaço para diálogo, o reconhecimento e a cooperação são elementos essenciais para a construção de um coletivo de trabalho e para a saúde mental. Conclui-se que, diante da multidimensionalidade do AM no trabalho, são necessárias diversificadas intervenções em prol da sua prevenção e promoção de um contexto de trabalho mais saudável.

A Comunicação Não Violenta Como Ferramenta De Aprimoramento Das Relações Organizacionais No Mbito Do Poder Judiciário

“…É no ambiente corporativo -privado ou público, fervedouro de procedimentos, técnica e indivíduos, que a comunicação, enquanto processo contínuo, pode reforçar os valores fundamentais da cultura organizacional; como, gerar desarmonia entre seus integrantes, uma cultura interna agressiva, causando distanciamento dos objetivos almejados (MONTEIRO, 2000). A comunicação inadequada ou deficiência dentro do ambiente laboral e também com o meio externo dá ensejo a uma clara deterioração da qualidade do ambiente de trabalho e reflete significativamente na produtividade dos servidores; seja pela comunicação ser incapaz de relatar as informações necessárias à realização das atividades determinadas, seja pelo fomento de um clima organizacional de animosidade, com ascendência de casos de assédio moral e de comprometimento da saúde mental dos servidores (ANMT, 2019), com a maior incidência de casos de depressão, transtornos de ansiedade, Síndrome de Burnout, dentre outros, bem como o afastamento do trabalho (MONTEIRO, 2018).…”

“…O contexto estrutural do Judiciário atual, embora já tenha avançado muito, ainda conta com uma estrutura hermética e formalista nos termos mencionados, com uma sobrecarga de demandas processuais e quadro insuficiente de servidores em associação a uma cultura que ainda adota formas de exercício de liderança pautados no autoritarismo exacerbado; conflitos velados, oriundos da insatisfação do servidor com o cargo comissionado ou efetivo que ocupa; atividades com má distribuição entre servidores, cobranças bruscas e agressivas, dentre outros (MONTEIRO, 2018).…”