No presente artigo tomamos os conceitos de religião e sociedade como domínios relacionais, em busca de compreender as circularidades e os possíveis deslizamentos que fazem emergir diferentes configurações nas relações entre religiões e espaço públi-co (Birman 2003). Esse movimento implica, então, considerar que tanto o conceito de "religião" como o de "espaço público" não estão "dados", mas configuram campos de forças que somente a posteriori emergem como "realidades" autoatribuídas.Garantir a permeabilidade dos conceitos nos possibilita compreender as religiões de forma não substantivada ou ensimesmada, além de desconfiar dos lugares canô-nicos que possam produzir definições legítimas sobre o que seria a verdadeira religião. É preciso contornar esse caminho, fazendo também da religião parte das controvérsias que reconfiguram seus mediadores legítimos, delineando os contornos de um debate público (Giumbelli 2002). Tratando a questão desta maneira, consideramos que aquilo que uma sociedade considera como "religião" aparece como um terreno provisório, movediço e sujeito permanentemente a ambiguidades e reconfigurações.Essa sugestão é apresentada por Paula Montero (2006), ao analisar a forma como o debate público em torno do que é religião no Brasil mobilizou todo o espec-