Preparação para a morte: investigação fenomenológica sobre a experiência de idosos longevos

Abstract

Resumo O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que ganhou destaque nas últimas décadas. Nesse contexto, a morte aparece como questão difícil, pois se trata de um tema tabu na cultura ocidental. À luz da fenomenologia existencial, este projeto objetivou compreender a experiência de idosos longevos que consideram que se prepararam para a morte. Constataram-se diversas iniciativas permeando questões financeiras, emocionais, sociais, corporais, materiais e até espirituais. O sentido dessas preparações se desvelou como um cuidar da vida, pois se mostraram tentativas de garantir a melhor qualidade na existência, seja em relação à vida do próprio idoso até sua morte, seja de quem permanece vivo até e depois da morte do idoso, como familiares e amigos. Assim, fica evidente que “a única certeza da morte é a vida”, pois entrar em contato com a finitude viabiliza o encontro das possibilidades de vida dignas de serem vividas.

Multidisciplinaridade em saúde: a necessidade da integração

“…Estabelecendo-se nas últimas décadas enquanto um processo sociohistórico que, progressivamente, vêm acarretando profundas alterações políticoeconômicas e culturais na dinâmica das relações produtivas e de comportamento em massa (Giberti & Rosa, 2020), o fenômeno global de transição demográfica retrata o redimensionamento etário da população mundial na medida em que, em resposta à queda nas taxas de natalidade e ao aumento da expectativa média de vida da população, observa-se o contínuo crescimento da proporção de idosos em concomitância à diminuição na proporção de crianças e jovens (Guths et al, 2017). De fato, o ritmo atual de envelhecimento da população brasileira já figura entre os maiores do mundo, superando as taxas percentuais de idosos observadas em países desenvolvidos, sobretudo a França e o Reino Unido (Jansen et al, 2020).…”

“…Considerando o contexto de gradativa expansão da expectativa de vida e de envelhecimento populacional a nível internacional, o segmento de pessoas com idade acima de 80 anos, também denominados de "idosos longevos", destaca-se no Brasil e no mundo como o subgrupo etário de maior prevalência estatística e que mantém o nível de crescimento mais acelerado (Giberti & Rosa, 2020).…”

Impactos cognitivos da utilização de Intervenções Baseadas em Música em idosos com Doença de Alzheimer: uma revisão sistemática

“…O progressivo aumento da expectativa de vida observado nas últimas décadas, associado à queda nas taxas de natalidade no mesmo período, vêm expandindo consideravelmente as médias de idade em populações de diferentes países ao redor do mundo, provocando uma transição demográfica caracterizada pelo aumento da proporção de idosos em comparação com a diminuição de jovens (Guths et al, 2017) A inversão da pirâmide etária nestas faixas populacionais consolida-se, portanto, como um processo sociohistórico complexo através do qual são catalisados profundos questionamentos à ordem políticoeconômica, produtiva e cultural previamente estabelecida na contemporaneidade (Giberti & Rosa, 2020). Neste sentido, é necessário compreender adequadamente as reais demandas de saúde e bem-estar das crescentes faixas populacionais de idosos à luz das idiossincrasias próprias da realidade social em que vivem, sublinhando a importância do suporte familiar e da rede de apoio para a garantia da qualidade de vida, sobretudo nos casos de dependência funcional e na presença de doenças crônicas (Mendonça et al, 2020).…”

Análise dos fatores psicossociais associados à mortalidade por suicídio entre idosos no estado da Paraíba de 2009 a 2019

“…Observado tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento econômico, o processo de envelhecimento populacional vem se acentuando de forma expressiva nas ultimas décadas em decorrência da transição demográfica acarretada, dentre outros fatores, pela queda das taxas de natalidade associada à elevação da expectativa de vida média (Guths et al, 2017), sendo este um fenômeno catalizador de profundos impactos socioeconômicos, políticos e culturais que evidenciam significativos desafios logísticos a serem discutidos no âmbito da saúde pública na contemporaneidade (Giberti & Rosa, 2020).…”