PREFERÊNCIA AMBIENTAL DA MOSCA INVASORA Drosophila nasuta (Diptera, Drosophilidae)

Abstract

Introdução: As espécies invasoras são aquelas que ocupam novos territórios fora de suas áreas de distribuição natural. As áreas protegidas são prioritárias para a conservação da biodiversidade e a presença de espécies invasoras nestes locais ameaça a sobrevivência de espécies nativas, podendo ocasionar extinções locais e desequilíbrios ecossistêmicos. O Brasil tem sido invadido por diversas espécies de moscas da família Drosophilidae, como Drosophila malerkotliana, Zaprionus indianus e Drosophila nasuta. Esta última é uma espécie nativa da Ásia e um dos drosofilídeos invasores mais recentes do Brasil. Objetivo: Avaliar a preferência ambiental da mosca invasora D. nasuta entre uma área protegida e uma área urbana no domínio da Floresta Atlântica. Material e métodos: Drosofilídeos foram coletados no Jardim Botânico do Recife (área protegida) e no Instituto de Tecnologia de Pernambuco (área antropizada), ambos locais situados na cidade de Recife, Pernambuco, afastados por aproximadamente sete quilômetros. Foram realizadas duas amostragens no período seco (janeiro/fevereiro de 2021) e duas no período chuvoso (maio/junho de 2021) em cada área. Para captura dos drosofilídeos foram utilizadas sete armadilhas por amostragem, as quais foram confeccionadas com garrafas plásticas e iscas de banana e penduradas aleatoriamente a 1,5 metros do solo e distanciadas por 40 metros umas das outras, permanecendo nos locais por três dias consecutivos. Resultados: Foram capturados 36.235 drosofilídeos nas duas áreas investigadas. Drosophila nasuta foi a quarta espécie mais abundante (8.27%), sendo superada apenas pelas invasoras D. malerkotliana (52,81%), Scaptodrosophila latifasciaeiformis (15,54%) e Z. indianus (11,61%). Drosophila nasuta foi mais abundante na área protegida (1.936 indivíduos) em relação a área urbana (1.062 indivíduos). Este padrão difere do apresentado pelas demais espécies invasoras, as quais foram mais abundantes na área urbana. Conclusão: Verificamos maior abundância de D. nasuta no ambiente protegido. As áreas protegidas são prioritárias para a conservação da biodiversidade e a preferência de D. nasuta por estes territórios pode ameaçar a sobrevivência de espécies de drosofilídeos nativos.