pré-natal psicológico em gestação decorrente de estupro: protocolo de intervenção

Abstract

Introdução: Quando uma mulher se descobre gestante em decorrência um crime de estupro é imprescindível que ela receba o cuidado em saúde adequado. O Pré-natal Psicológico um desses tipos de cuidado. Objetivo: Trata-se de uma proposta de intervenção relacionada à saúde mental no ciclo gravídico-puerperal, denominada pré-natal psicológico, que visa apresentar um modelo de trabalho para que as equipes de saúde, especialmente psicólogos perinatais, possam atuar nas dificuldades inerentes à gestação decorrente de estupro e minimizar os agravos psicológicos deste tipo de gestação. Método: Foi desenvolvida no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), como produto da dissertação “Contribuições do Pré-natal Psicológico para proteção psíquica da díade mãe-bebê em caso de gestação decorrente de estupro: Um estudo de caso à luz da teoria da subjetividade”. A pesquisa foi ancorada nos preceitos teórico-metodológicos qualitativos da Teoria da Subjetividade, e tratou-se de um estudo de caso de uma mulher de 29 anos, solteira, na 23ª semana de uma gestação decorrente de estupro, sobre a qual a gestante teve o seu pleito por aborto legal mal gerido, e foi obrigada a levar a gestação a termo. Ela iniciou um trabalho de Pré-Natal Psicológico (PNP) para que pudesse lidar com os agravos psíquicos do trauma, e com a escolha a ser feita após o nascimento do bebê, adoção ou tomá-lo como filho. Resultado: Foi possível sistematizar uma adaptação do modelo Pré-Natal Psicológico, baseado no acompanhamento psicológico realizado com a participante da pesquisa, que poderá ser utilizado por profissionais de saúde, especialmente psicólogos perinatais, que trabalhem com vítimas de violência sexual.

A importância do pré-natal psicológico e da atuação do psicólogo no cuidado com a saúde mental materna

“…A psicodinâmica do processo de gravidez vem sendo cada vez mais estudada, e tem-se observado que percepções de dor, medo, tensão e competência perpassam a mulher e podem tornar seu processo mais ou menos difícil, dependendo do suporte emocional e informacional que ela recebeu. 15 No período gravídico, as mulheres estão vulneráveis a vários estressores típicos dessa fase que produzem sintomas de estresse recorrentes. Condições estressantes em gestantes têm sido identificadas como desencadeadoras de sintomas angustiantes que DOI 10.18606/2318-1419/amazonia.sci.health.v11n2p153-167 Revista Amazônia Science & Health 2023, Vol.…”

“…17 Como resultado de sua pesquisa, os autores apontam como fatores de risco ou desencadeadores de Depressão pós-parto: primiparidade; maternidade solteira; conflitos e falta de apoio conjugal; eventos estressantes da vida, como perda de emprego ou morte de um membro da família; falta de apoio familiar e social, histórico pessoal ou familiar de doença mental, mas principalmente episódios depressivos anteriores e durante a gravidez. 15 A condição de vulnerabilidade social em que a mulher se encontra é um dos aspectos que se associa a maiores níveis de estresse e ansiedade na mãe e até mesmo durante a gestação. Além disso, também tem a questão da falha de planejamento diante de uma gestação, o que acaba sendo um fator que pode influenciar no período gravídico.…”

“…Essa proposta de cuidado na gestação surge como uma forma de apoio para a conscientização das mudanças que acometem as gestantes, com o objetivo de promover a autointegração durante esse período. 15 De acordo com os autores, o PNP pode ocorrer por meio de encontros temáticos com ênfase na preparação psicológica para a maternidade e paternidade, e discute soluções para questões que podem surgir no período gravídico-puerperal, oferecendo também apoio emocional por meio de atendimentos psicoeducativos, como também para prevenir e evitar possíveis alterações de humor importantes como o estresse, e também os mitos associados à maternidade, as idealização, a possibilidade da perda do bebê, a situação de gestação de risco, a malformação fetal, ao medo do parto e da dor, aos transtornos psicossomáticos, aos transtornos depressivos e de ansiedade, às mudanças de papéis familiares e sociais, às alterações na libido, ao conflito conjugal, ao planejamento familiar. 18 Assim, a prevenção por meio do atendimento psicológico visa compreender das mudanças em si, no ambiente e nas relações, e para fortalecer a capacidade do indivíduo A pesquisa aponta que os artigos encontrados puderam ser verificados ainda mais sobre a importância do Pré-Natal Psicológico, pois a gravidez em si, já traz impactos tanto na vida das mulheres como dos seus familiares, e para que esses impactos sejam amenizados, é preciso de um profissional capacitado para compreender ainda os anseios das gestantes neste período.…”

“…Assim, divide-se em três categorias: a primeira diz respeito à qualidade dos relacionamentos da mãe, principalmente com o companheiro; a segunda diz respeito à gravidez, ao parto e à ocorrência de eventos estressantes da vida; a terceira diz respeito às adversidades socioeconômicas. 15 Nos estudos os autores relatam que as mulheres nesse período gravídico, por vivenciar os hormônios a flor da pele faz com que elas precisem de acompanhamento psicológico, para se ter uma vida mais saudável possível. 17 DA SILVA, CR.…”

“…OLIVEIRA, DP A importância do pré-natal psicológico e da atuação do psicólogo no cuidado com a saúde mental materna 162 também incentiva a participação de seus familiares nos cuidados prestados ao longo da gestação e parto. 15 A gravidez é um evento fisiológico na vida da mulher, caracterizado por transições drásticas de maneiras muito específicas. No entanto, essas transições produzem alterações físicas e emocionais que exigem acompanhamento permanente dos profissionais de saúde, além do apoio dos familiares.…”