Neste trabalho, consideramos, por um lado, o quadro teórico da ADD (Análise do Discurso Digital), proposto por Marie-Anne Paveau, que tem como objeto de estudo o tecnodiscurso, isto é, produções discursivas digitais nativas que reúnem linguagem e tecnologia – intrinsecamente ligadas – em um compósito; por outro lado, o estudo de Lorenza Mondada, que propõe a noção de objetos de discurso como algo (uma espécie de “referente” discursivamente construído) em torno do qual a atividade enunciativa se organiza nas práticas de apreensão, formulação e descrição do mundo pelos falantes. Dadas as especificidades do tecnodiscurso, propomos a noção de objeto de tecnodiscurso, ou seja, referentes construídos pelos processos tecnodiscursivos, como categoria analítica da dinâmica tecnodiscursiva. As noções de objeto de discurso e objetos de tecnodiscurso guardam, portanto, semelhanças, mas também diferenças. Isso abre caminho para a problemática teórico-metodológica em torno da construção dos objetos de tecnodiscurso. Nosso objetivo é, portanto, apontar alguns elementos de reflexão sobre essa problemática.