Práticas de leitura e autoria na perspectiva dos multiletramentos: relato de pesquisa em escolas municipais do Rio de Janeiro

Abstract

RESUMO: Refletir sobre o ensino e aprendizagem passa por estudar a linguagem, o letramento, a sociedade e a cultura. Diante das tecnologias digitais e das práticas sociais que elas agregam ao comportamento dos indivíduos, surge a necessidade de debatermos o conceito de letramento, entendido como sendo práticas contextualizadas ou multiletramentos. O artigo apresenta uma pesquisa qualitativa sobre usos e percepções das tecnologias digitais nas opiniões e práticas de 64 professores de oito escolas de ensino fundamental da Rede Municipal do Rio de Janeiro. Os resultados apontam para a presença de atividades de multiletramentos desenvolvidas de forma intuitiva, geralmente em ausência de planejamento. Ainda que o termo letramento não seja utilizado com proximidade por professores, percebe-se que as habilidades de multiletramentos são consideradas como fundamentais para a formação dos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Letramento. Tecnologias. Escola. Professores. INTRODUÇÃOA fim de contribuir com a reflexão em torno do papel do professor de escola básica, e dado as transformações nas práticas e fazeres humanos relacionadas à cultura digital, notamos a necessidade de ampliar os estudos sobre letramento (SOARES, 1991;2002;2004). A cultura digital altera as práticas sociais, inclusive, as de leitura e escrita. Segundo Magda Soares (2002), a cultura do texto eletrônico carrega em si certa instabilidade, sendo que os leitores podem interferir nele, acrescentar, alterar, definir seus próprios caminhos de leitura; não é monumental por ser mutável; é pouco controlado porque é grande a liberdade de produção de textos na tela e é quase totalmente ausente o controle da qualidade do que é produzido e difundido.

Uso dos quadros de competência digital DigComp e DigCompEdu em educação: revisão de literatura

“…Nesse sentido, as pesquisas apontam para a necessidade de formação. As diferenças entre as atividades realizadas com as TIC pelos professores, por exemplo, nos levam a compreender que existe uma lacuna na formação de seu letramento digital, desenvolvimento de competências e conhecimentos sobre as possibilidades pedagógicas das TIC, demonstrando a necessidade de desenvolver um meio de avaliar as competências digitais com precisão e eficiência durante a formação (Maderick et al, 2016;Naumann & Pischetola, 2017). A imersão do professor no universo das tecnologias, com o uso das TIC, traz consigo uma série de repercussões que tendem a alterar sua maneira de trabalhar, investigar, comunicar, treinar, transmitir conhecimentos, como também a compreensão das condições necessárias para utilizar uma tecnologia específica no ensino, exigindo o desenvolvimento de práticas de ensino que também promovam as competências digitais nos alunos (Colás-Bravo et al, 2019;Instefjord & Munthe, 2016).…”

Percepção da autoeficácia computacional docente dos professores da Educação Básica

“…A inserção das tecnologias digitais na escola é vista hoje como algo inevitável, e por isso aparece nos discursos dos professores, da direção e até na legislação como a tábua de salvação da educação. Contudo diversas pesquisas apontam que as tecnologias, por si sós, não trazem melhorias qualitativas para as aulas nem para o processo de ensino-aprendizagem, indicando que essa é uma visão de senso comum que precisa ser desmitificada no interior desse processo (CANDAU, 2018;NAUMANN;PISCHETOLA, 2017;.…”

“Eles já nascem sabendo!”: desmistificando o conceito de nativos digitais no contexto educacional

“…A participação do aluno no processo de ensino e aprendizagem é limitada à leitura e a recepção de conteúdos, raramente entendida como produção e criação autoral. As habilidades dos jovens alunos com o uso de tecnologias são valorizadas do ponto de vista técnico, mas não cultural (HEINSFELD; PISCHETOLA, 2017;NAUMANN;PISCHETOLA, 2017;PISCHETOLA, 2016). Porém, ao mesmo tempo, afirma-se a prerrogativa que os jovens têm de ser muito habilidosos com as tecnologias.…”