Por um pensamento ambiental historico: O caso do Brasil

Abstract

Through analysis of some environmental historical studies and their methodologies, this article discusses how this literature can incorporate three important epistemological issues of historical knowledge. Determinism is the first epistemological process discussed, followed by the traditional tendency of searching for historical origins. The third crucial point involves a discussion of some relevant historical ontological premises.Ao debruçar-se sobre o estudo das sociedades do passado, o historiador contemporâneo certamente sabe da impossibilidade de interpretações ou análises que suprimam a particularidade do lugar de onde ele fala e do domí-nio no qual realiza sua investigação. Como afirma Michel de Certeau , o gesto do historiador liga suas idéias aos lugares sociais de onde fala, sendo a histó-ria uma operação que articula um lugar social, uma disciplina do conhecimento e a construção de um texto. A história é, assim, parte da realidade da qual ela trata, e "toda pesquisa historiográfica se articula a um lugar de produção sócio-econômico, político e cultural." 1 Nessa perspectiva em que o conhecimento histórico se assume como uma operação, portanto, como uma prática, esvai-se qualquer presunção de uma história total, que pudesse compreender e explicar exaustivamente as sociedades passadas. Fortalece-se o pressuposto de que a história é sempre uma história para nós, para o presente, cujo objetivo é compreender e transformar. O projeto de elucidação das formas passadas de existência de outras sociedades adquire pleno sentido como parte do projeto de elucidação de nossa própria existência, inseparável do nosso fazer atual, numa interpretação do passado mesclada à consideração de "um porvir que deve ser feito por nós." 2 144 Luso-Brazilian Review 41:2 ISSN 0024-7413, © 2005 by the Board of Regents of the University of Wisconsin System

Conservacão Da Natureza E Formação Territorial: Conjuntura Política-Histórica E O Código Florestal Brasileiro De 1934

“…Isto, sem sombra de dúvida, reverbera nas práticas históricas do presente, como por exemplo, nos atuais discursos preservacionistas, na sutil oposição entre o homem e a natureza. Isto é, o homem para se reproduzir afasta-se da natureza, vendo nesta apenas uma espécie de "armazém" no qual retira os recursos para a sobrevivência (DUARTE, 2004). É fato que a degradação é o mote da formação territorial de países coloniais como o Brasil, mas não devemos pensar as mudanças políticas apenas por este viés.…”

“…problemas fundamentais: monopólio e poder sobre as florestas e a construção da conservação por meio da supressão de direitos.Primeiramente, as florestas brasileiras em si, e a natureza de forma geral, sempre foi monopolizada por intermédio da elite agrária. Ao citar o trabalho de Shawn Miller, Duarte afirma que a destruição das florestas estava intimamente ligada a uma questão política, o monopólio português sobre estas áreas (DUARTE, 2004)…”

Natureza E Cultura: Da Rejeição À (Re)construção

“…No caso brasileiro, Regina Horta Duarte aponta para casos bem-sucedidos, de certa forma, como os de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, que já relacionavam sociedade e natureza, uma vez que as relações do homem com a natureza seriam indissociáveis. Para tais autores, o diálogo com a natureza juntou diversas percepções, leis e costumes dos homens(DUARTE, 2005). Todavia, essas aproximações não se constituíam, ainda, como história ambiental.…”

A História Contada a Partir Das Árvores: Um Ensaio Sobre O Plantio Da Floresta Da Tijuca, No Rio De Janeiro, Na Segunda Metade Do Século Xix

“…No Brasil, a história ambiental surgiu, principalmente, com temática dedicada à destruição das florestas tropicais (Carvalho et al, 2018). Contudo, com o passar dos anos, o conjunto de assuntos se diversificou, transitando pelas perspectivas teórica (Drummond, 1991;Soffiatti, 1997;Drummond, 2002;Duarte, 2005;Pádua, 2010;Cabral, 2014a;Corrêa, 2017), urbana (Duarte, 2007;Maia & Sedrez, 2011;Sedrez, 2013;Capilé, 2018), geográfica (Freitas, 2002;Oliveira, 2007;Solórzano et al, 2009;Cabral, 2011;Brannstrom, 2016;Oliveira & Fraga, 2016) e da biodiversidade (Duarte & Horta, 2012;Carvalho & Laverdi, 2015;Gerhardt & Nodari, 2016;Moretto, 2020), dentre outros.…”