Ponto de escuta e tridimensionalidade sonora na ficção e no documentário

Abstract

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a tridimensionalidade sonora proporcionada pelos atuais sistemas de exibição e mixagem de som no cinema ficcional e documental. Para tal, a discussão propõe também o estudo de filmes como Nos vemos no paraíso (2017), Bethany Hamilton: Sem Limites (2018), dentre outros, com o intuito de compreender como o som se relaciona com os conceitos de ponto de escuta subjetivo e espacial (CHION, 2008), de que forma se dá a tridimensionalidade sonora da obra na sala de exibição e algumas das possibilidades teóricas e estéticas abertas por este desenvolvimento técnico.

Sonoridades pulsantes: aspectos semiológicos do filme O farol

“…No plano seguinte, a câmera está dentro da casa e, então, ouvimos o vento, o som dofarol e de um relógio (som recorrente no filme e cujo objeto nunca é visto em cena). Os demais sons são naturais, com suas fontes originais identificáveis, como os passos no piso de madeira e 5 Conceito do teórico Michel Chion, descrito da seguinte forma: -[...] pensar no ponto de escuta subjetivo seria compreender a partir de qual personagem o som é ouvido, buscando quem escuta o quê‖(Vidigal; Novais, 2020:227).6 Termo técnico, também conhecido no Brasil como -tomada‖, que se refere a um trecho rodado ininterruptamente.A junção de pequenos takes, normalmente, resulta em uma cena.as ações de Winslow. Esse modo naturalista é seguido nos próximos planos, que mostram o personagem indo a outros ambientes da casa, e o som do farol se mantém -mais realista‖ por ser ouvido a certa distância dos personagens e pelo espaçamento na constância desse som.Quando Winslow, sentado na cama que usará, descobre um objeto de madeira esculpido no formato de uma sereia (objeto que será importante para a trama), o som do vento é colocado no primeiro plano sonoro, com um volume bem maior.…”