O lobby é considerado um mecanismo para o exercício de pressão sobre agentes compoderes para tomada de decisão. Apesar de sua importância, não detém umaregulamentação no Brasil. Com as recentes tragédias ambientais relacionadas com asqueimadas na Amazônia, buscou-se avaliar a incidência de lobby sobre o Ex-Ministrodo Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o Presidente do IBAMA, Eduardo Bim, a partir desuas agendas públicas, ante possíveis omissões na atuação de tais autoridades. Asperguntas dessa pesquisa foram: O cruzamento das agendas públicas do Ministro doMeio Ambiente e do Presidente de IBAMA, no período de janeiro de 2019 a dezembrode 2020, com as autuações ambientais do IBAMA, são lobbies que afetam as políticaspúblicas ambientais da Amazônia? Caso positivo, as propostas em tramitação do lobbypodem contribuir com a redução dos interesses ilegítimos contrários ao direito ao meioambiente ecologicamente equilibrado? Para respondê-las, foi feita revisão bibliográficaacerca do lobby e das queimadas na Amazônia. Posteriormente, na fase quantitativa,foram analisados 1.442 compromissos das agendas públicas. Só 2% das agendas doPresidente do IBAMA, e 5% da agenda do Ex-Ministro do Meio Ambiente, continhamassunto. As informações lançadas pela autoridade não correspondem à realidade. Docruzamento de agendas, pode-se identificar 20 registros do Ministério, enquanto oIbama teria 69 encontros. Do confronto das informações das agendas, foramidentificados e analisados 31 processos administrativos sancionadores ambientais.Percebeu-se indícios de lobby, ante o arquivado, após a agenda, por ausência decomprovação de danos ambientais. Em outros dois, os valores da multa ambientalforam reduzidos substancialmente. A pesquisa demonstrou a dificuldade de identificaro lobby sem o apoio de um mecanismo denso e confiável de disponibilização deinformações. Ao analisar 24 proposições legislativas que propõem a regulamentaçãodo lobby, identificou-se um déficit de propostas legislativas que contenham elementosrelacionados à transparência. Percebeu-se, ainda, com a análise das agendas,primeiramente, um enorme déficit informacional, verificando omissões na publicaçãode compromissos, bem como a ausência de elementos de suma relevância paraidentificação do lobby sobre os agentes públicos. Com esse estudo, espera-secontribuir com a regulamentação do lobby no Brasil, além de apresentar as agendaspúblicas como um espaço de incremento na concretização do direito constitucional aomeio ambiente ecologicamente equilibrado