Pobreza Urbana E a Formação De Bairros Populares Em Salvador Na Longa Duração

Abstract

RESUMO:O artigo é dividido em duas partes. A primeira parte trata da discussão do conceito de pobreza, com destaque para as noções de marginalidade, de underclass e de exclusão e pobreza urbana. Na segunda parte é comentada a situação dos pobres em Salvador e a formação dos bairros populares na longa duração , seguindo uma periodização em oito etapas, em conformidade com o meu livro sobre as transformações e permanências em Salvador (2002.). PALAVRAS-CHAVE:marginalidade, pobreza urbana, exclusão, bairros populares. RESUMÉ:L´article comprend deux parties. La première discute le concept de la pauvreté, en particulier les notions de marginalité, underclass, exclusion et pauvreté urbaine. La situation des pauvres et la formation des quartiers populaires à Salvador, pendant la longue durée , sont analysées dans la deuxième partie, suivant une périodisation en huit étapes, conformément à mon livre sur les transformations et permanences à Salvador (2002). KEY WORDS: marginalité, pouvreté urbaine, exclusion, quarties populaires. IntroduçãoÉ necessário, em primeiro lugar, discutir conceitualmente a questão de pobreza, devido a sua relatividade no tempo e no espaço 1 . Em seguida será discutida a formação de bairros populares em Salvador, com base, sobretudo na minha pesquisa sobre as transformações espaciais na cidade, na longa duração 2 , assim como na pesquisa em desenvolvimento realizada sobre o patrocínio do CNPq.A questão da pobreza foi discutida, sobretudo na Sociologia. Na Geografia, a grande exceção foi a contribuição de Milton Santos, que, além da discussão sobre os dois circuitos da economia urbana, elaborou um livro intitulado Pobreza Urbana em 1978, no qual, além de realizar um balanço teórico sobre a questão, trouxe uma extensa bibliografia internacional sobre a temática.

Paisagem Cultural em (Re)Construção: Artesanato Ceramista, Direitos Culturais no Poti Velho, Teresina - PI

“…Assim, o discurso técnico que fundamenta o PLN afirma que a região identificada como Lagoas do Norte é um sítio urbano no qual a ação antrópica gerou importantes impactos socioambientais 30 , em 29 Sobre o tema bairros populares associado a pobreza urbana, ver Vasconcelos (2006). 30 Segundo resolução nº1 de 23 do CONAMA (1986)impacto ambiental pode ser definido como alterações físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I -a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II -as atividades sociais e econômicas; III -a biota; IV -as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V -a qualidade dos recursos ambientais.…”

“…A literatura (COSTA, 2010;GOTTDIENER, 1993;JACQUES, 2010;VASCONCELOS, 2006) sobre esse tipo de transformação da paisagem urbana alerta para o fato de que, em larga medida, a chamada (re)qualificação de áreas até então tidas como desqualificadas, do ponto de vista, sobretudo, econômico, costuma ocorrer em detrimento da valorização de patrimônios construídos ao longo do tempo.…”

“A gente tá vivendo uma vida sem paz”

“…Parte de nossas interlocutoras já haviam sido vizinhas em uma mesma ocupação, num parque público de floresta tropical na região do Subúrbio Ferroviário, e sofreram processo de "remoção involuntária" no início da década passada (CONDER e SEDUR, 2009). Em Salvador, para muitos moradores, ocupações informais se tornam uma das poucas possibilidades de habitar a cidade, que passa a crescer de forma irregular e autoconstruída e quase sempre em áreas precárias, as quais carecem de processo de regularização e serviços bá-sicos; quando estes chegam, só chegam tardiamente (CARVALHO e PEREIRA, 2006;GORDILHO SOUZA 2001;VASCONCELOS, 2006;SOARES, 2009).…”

Notas sobre Trabalho de Rua na Salvador do século XIX

“…Nesta perspectiva, a pressão inglesa para findar o sistema escravista externa e internamente a lei Euzébio Queiroz (1850), juntamente com outras ações em prol da abolição dos escravos até 1888, bem como o aumento da compra de alforrias pelos negros, mais a facilidade de transporte do Recôncavo para Salvador, e a vinda dos escravos e livres, resultaram numa nova dinâmica demográfica. Uma das alternativas que se implementou para abrigar esse contingente populacional foi precisamente a criação daquilo que a literatura chama de casas de cômodos e cortiços nas áreas centrais construídas e no adensamento das áreas periféricas da capital, segundo Vasconcelos (2006).…”