FLÁVIO, P.G.C.; ZAGO, M.M.F. Reabilitação vocal do laringectomizado: características culturais do processo.Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 7, n. 2, p. 63-70, abril 1999. Na nossa convivência com o grupo, percebemos que o processo de reabilitação dos laringectomizados depende de muitos aspectos: da sua personalidade, da percepção da sua imagem corporal alterada, da condição física pós-operatória, da rede de apoio disponível. Seus conhecimentos, valores, crenças e apoio recebido interrelacionam-se e fornecem uma estrutura para enfrentar as dificuldades que surgem.Entre os temas discutidos nas reuniões grupais, pelos laringectomizados e seus familiares, destacamos a reabilitação vocal. A cirurgia laringectomia total é considerada mutilatória e, como conseqüência, gera a afonia. A incapacidade de produção do som laríngeo leva a frustrações e diminuição da auto-estima dos indivíduos 13,20,22 . Embora a reabilitação vocal por meio da voz esofágica seja a mais indicada nos meios médicos brasileiros, ela não é um processo simples, requerendo um esforço motivacional importante, uma rede de apoio eficiente, a atuação de um fonoaudiólogo competente, dependendo também da cicatrização cirúrgica 20 . A reabilitação vocal do laringectomizado é de responsabilidade do fonoaudiólogo, mas a enfermagem tem um papel importante de fornecer esclarecimentos para o indivíduo e seus familiares, como também de apoiá-lo na realização de exercícios, desde o período de internação até o pós-operatório. Para isso, o enfermeiro deve conhecer o processo, sob o ponto de vista do laringectomizado.No GARPO, embora haja uma grande expectativa pela aprendizagem da voz esofágica pelos participantes, poucos alcançam êxito no processo e eles enfrentam muitas situações desmotivantes. Buscando compreender este processo, realizamos um estudo de caso onde identificamos que voltar a emitir a voz, para aquele paciente, era "Como se tivesse ganho na loteria" 9 . Este Rev.latino-am. enfermagem -Ribeirão Preto -v. 7 -n. 2 -p. 63-70 -abril 1999