Pirâmide da Pedagogia Hacker: de sonhos coletivos a engajamentos reais

Abstract

O artigo parte da identificação e análise sobre a origem e o funcionamento dos espaços hacker no Brasil com o objetivo de compreender seu funcionamento e as práticas de seus participantes para buscar compreender a dimensão educativa desses espaços. Um pesquisa de campo analisou, a partir de entrevistas, visitas aos espaços físicos e nas redes, como esses espaços estão estruturados e funcionam. Como resultado, identifica-se que eles possuem uma Pedagogia própria, estruturada em engajamentos, através dos quais esses espaços físicos são criados e ampliados. Conclui-se definindo o conceito de Pirâmide da Pedagogia Hacker em Hackerspaces como um possível caminho para a promoção de uma educação que valoriza o engajamento e a colaboração.

Isto e aquilo: a cultura hacker como outro mundo possível para a conscientização ativista na educação.

“…Apesar da direta ligação de hacker com computador, o seu significado é ampliado para outras esferas, conforme já abordado na introdução deste trabalho. Em um sentido etimológico, Menezes e Pretto (2015) e Burtet (2014) apresentam que a palavra hacker teria se originado do verbo to hack, aplicada à arte de cortar grosseiramente, ou à arte de esculpir e entalhar em madeira.…”

“…Karina Menezes (2018) afirma que nem todos os projetos de um hackerspace têm como foco a aprendizagem, mas a aprendizagem se atrela à construção conjunta do que acontece no espaço, tanto de uma perspectiva identitária quanto organizacional. Portanto, o que gera aprendizado é muito mais o engajamento das pessoas envolvidas naquele espaço, que, segundo Menezes (2018, p. 116), "potencialmente modificam as pessoas envolvidas, através de seus aprendizados".…”

“…No texto "Educação Hacker: uma proposta para formação docente", Aguado et al (2015) elucidam que tal proposta não objetiva implementar tecnologias nas escolas (até porque as tecnologias chegam às escolas por meio de políticas públicas), mas compreende a sua existência e acredita que utilizá-las pode ser significativo para o desenvolvimento do espaço escolar (AGUADO et al, 2015), e não só, seria significativo também para o desenvolvimento de uma sociedade mais crítica a respeito da presença das tecnologias nas nossas vidas.…”

“…Dialogando com o código ético, sistematizado por Levy e apresentado anteriormente, Nelson Pretto (2015) definiu, em seu texto "Hackear a Educação", sete princípios para uma educação hacker. Resumimos abaixo as principais ideias: a) o acesso aos meios de ensino deve ser total a quem tiver interesse pelo aprendizado; b) qualquer fonte de informação deve ser lida com análise crítica; c) "[...] os processos de aprendizagem precisam estar centrados, da mesma maneira que deve ser defendido o livre acesso a todo tipo de informação" (p. 77), mas tal acesso não deve produzir meros consumidores e consumidoras de informação.…”

“…O autor destaca que, para que os princípios da cultura hacker façam sentido na educação escolar, o modelo que conhecemos hoje deveria ser reestruturado e hackeado. Pretto (2015) defende que as direções de escolas, professoras e professores deveriam aproveitar todos os equipamentos que chegam via Ministério da Educação (computadores, câmeras, tablets etc.) e montar laboratórios de criação hacker, promover dias hackers, envolvendo toda a comunidade (PRETTO, 2015), ou seja, deveriam pensar alternativas criativas dentro do que existe e do que é possível.…”