Perigosas amas de leite: aleitamento materno, ciência e escravidão em A Mãi de Familia

Abstract

Examina de que modo, em A Mãi de Familia, jornal veiculado na Corte (1879-1888), a defesa do aleitamento materno esteve imbricada com questões relativas à escravidão. São analisados, em especial, artigos assinados pelo médico Carlos Costa, principal redator e fundador do periódico. Começando por apresentar o jornal, destaca-se a luta em prol do aleitamento materno como tema de grande relevância, visando educar a mulher para desempenhar satisfatoriamente a maternidade dentro dos parâmetros higiênicos. Discute-se, em seguida, como o fato de a maioria das amas de leite ser escrava influenciou na argumentação contra o aleitamento mercenário. Por fim, analisa-se um conto publicado no jornal, no qual são narradas as desventuras de uma ama de leite cativa.

Cross-breastfeeding, from negligence to moral virtues: a descriptive study

“…"no âmbito interno de uma comunidade pode haver uma tradução de pensamento, de costumes e de lealdade que permite construir algum princípio válido para todos os seus membros" (18) . Para minimizar os problemas, foi criado um projeto por Moncorvo de Figueiredo, que obrigava as escravas amas-de-leite a passar por um exame rigoroso para ter um "certificado de qualidade" (19) . que aprende por meio da interação de seu meio; mas para isso, a educação deve ser contextualizada com a sua realidade.…”

Black Nurse, White Milk: Breastfeeding, Slavery, and Abolition in 19th-Century Brazil

“…Bondswomen breastfed their owners’ children or were rented out to breastfeed the offspring of other families (Carneiro, 2006; Carula, 2012; Graham, 1992; Koutsoukos, 2009; Machado, 2017; B. C. R. Martins, 2006).…”

“…It also was home to one of the country’s two medical schools (with the other in Salvador da Bahia) and the Imperial Academy of Medicine, the country’s first and premier medical association (Peard, 1999). Thus, it served as an important center of medical debate for the country, including for physicians’ deliberations over the practice of wet nurses (Carula, 2012; Koutsoukos, 2009). Physicians discussed how the municipal government should regulate the practice, how slave owners and white mothers should choose and monitor their wet nurses, and how to ensure that bondswomen’s milk was nutritious for their white charges.…”

“…According to the medical profession, enslaved women were carriers of diseases like syphilis, which slave owners tried to hide in order to rent out their milk (Bretas, 1838; Cadaval, 1885; de Medeiros, 1848; Xavier, 1833). Thus, physicians blamed high infant mortality rates across all races and classes, particularly after the mid-century, on white women’s reliance on enslaved wet nurses, who “poisoned” their white charges with their syphilitic bodies (Carula, 2012; Costa, 1983).…”

A concorrência na arte de partejar na cidade do Rio de Janeiro entre 1835 e 1900

“…Durocher (1808-1893) tornou-se a figura de maior destaque entre as parteiras no Brasil, criando um mito em torno de si. É referida como a mais célebre entre as parteiras por Anayansi Correa Brenes (1991) em artigo sobre a história da parturição no Brasil no século XIX. Maria Lúcia de Barros Mott fez um levantamento biográfico de Mme.…”