“…Ou seja, a valorização dos saberes prévios, tanto de professores como alunos, tende a funcionar como uma etapa no caminho rumo a uma aprendizagem segura e condizente com um princípio norteador adaptável aos demais contextos, e não como um ponto de parada, um ponto de inflexão epistemológica em que formas de conhecer possam eventualmente, por sua natureza inconciliável, entrar em rotas de colisão. Como não nos deixa esquecer Valle (2003), a injunção metodológica de se "partir da realidade do aluno", quando tornada princípio fundamental de valoração epistemológica, ou profissão de fé -e ela o é cada vez mais na educação brasileira, desde a Escola Nova -, comporta ela própria um grau de mistificação: "uma falácia lógica evidente, somente sustenta pela posição de um mestre [ou, igualmente, de seu Manual] que conhece antecipadamente e melhor do que o próprio aluno qual é sua realidade" (p, 263-264).…”