IntroduçãoNeste artigo, visa-se analisar como a abordagem da Escola Inglesa tem examinado a política internacional do pós-11 de Setembro. Normalmente, a Escola Inglesa é identificada por sua ênfase ao conceito de sociedade internacional. Conforme desenvolvido por Hedley Bull (1995: 13), tal conceito pressupõe a existência de um grupo de Estados que se consideram ligados por certos valores e interesses comuns. Seu relacionamento acontece, por um conjunto comum de regras, e instituições comuns. Essa ênfase demonstra as preocupações normativas dos membros da Escola Inglesa com as regras, normas, leis e princípios de legitimidade que sustentam a ordem mundial.Nesse sentido, ao se analisar um determinado contexto internacional a Escola procura focar na prática, ou seja, os significados e as justificações que os agentes dão para suas ações. E ao mesmo tempo em que procura enxergar a historicidade de tais práticas, busca apoio na teoria política internacional para informar sobre as bases dos julgamentos morais destas ações e sobre o estado em que estamos (Dunne, 2005a: 170). Por isso a ênfase de Martin Wight (1991) em que as três tradições de pensamento (Racionalista, Revolucionista e Realista) refletiam a interpenetração entre a teoria e a prática da política: a teoria, por meio da análise e da classificação de escritos dos teóricos das respectivas tradições; a prática, por meio da análise dos discursos e das ações de diversos estadistas.A sociedade internacional reflete um ordenamento precário e difícil de ser mantido, mesmo quando suas instituições funcionam adequadamente. Ela varia não somente de acordo com as mudanças na distribuição de poder, mas, Artigo rev. Bras. Polít. Int. 52 (1): 133-148 [2009]