“…41,44 Relativamente aos resultados encontrados para a relação entre a cárie e a DM1 em doentes tratados com bomba infusora de insulina, há que destacar dois importantes fatores que podem justificar a não existência de diferenças entre os dois grupos: 1) embora o conteúdo dietético dos doentes diabéticos seja, obrigatoriamente e na essência, menos abundante em hidratos de carbono, prevendo uma menor exposição a alimentos cariogénicos, o elevado nú-mero de refeições ingeridas de forma fracionada pode aumentar o risco de cárie uma vez que o valor de pH crítico para desmineralização do esmalte é atingido mais vezes Revista Científica da Ordem dos Médicos www.actamedicaportuguesa.com Garcia R, et al Cárie dentária em diabéticos tipo 1 tratados com bomba de insulina, Acta Med Port 2016 Jul-Aug;29 (7):461-467 ao longo do dia; 2) a questão comportamental descrita não apenas em relação às crianças diabéticas (fase em que surge normalmente a doença), mas transversal a todas as que padecem de patologias crónicas (como a asma, patologia cardíaca ou fibrose quística, por exemplo) que, por norma, têm uma sobre-proteção parental que se prolonga inevitavelmente ao longo da vida, determinando um elevado nível de cuidados preventivos gerais, inclusivamente resultando numa melhoria global do seu nível de saúde oral. [45][46][47] No entanto, à semelhança de outros trabalhos publicados, o desenho deste estudo apresenta algumas limitações: 1) o facto de a amostra ser relativamente pequena, dificultando obter resultados com maior significado estatís-tico; 2) o não registo dos hábitos alimentares dos doentes, nomeadamente em relação à ingestão de sacarose e ao número de refeições diárias; 3) a não avaliação qualitativa e quantitativa da saliva, uma vez que está descrito que os doentes diabéticos têm tendência a apresentar uma maior concentração de glicose na saliva e uma diminuição da sua secreção, fatores associados a um maior risco de cárie; 4) a ausência de registo do nível de educação dos participantes e a preocupação relativa a cuidados de saúde; 5) a não avaliação da utilização de meios complementares de higiene oral; e, por último, 6) a possibilidade de as respostas dos doentes não corresponderem à realidade e poderem influenciar os resultados obtidos.…”