Papéis, conflitos e gratificações do enfermeiro de serviços abertos de assistência psiquiátrica

Abstract

Frente ao processo de transformação da assistência psiquiátrica, o papel de agente terapêutico é preconizado como um dos principais papéis do enfermeiro desta área específica, e, este estudo, objetivou identificar os papéis, conflitos e gratificações do enfermeiro de serviços abertos de assistência psiquiátrica. Trata-se de um estudo descritivo exploratório, onde foi utilizado um questionário, aplicado a onze enfermeiros dos serviços em questão, na cidade de Ribeirão Preto – São Paulo - Brasil. Os resultados mostraram que a maioria está na faixa etária entre 31 e 40 anos e possuem curso de especialização. Três cursaram mestrado e um cursou doutorado. Como papéis, destacaram os específicos do enfermeiro e os administrativos. Como conflitos, apontaram as condições de trabalho, a baixa remuneração, o não reconhecimento da sua liderança e a falta de recursos. O reconhecimento profissional e a reabilitação do portador de transtorno mental constituíram-se nas gratificações relatadas, permitindo concluir que esses enfermeiros identificam com propriedade o seu papel, apontam dificuldade para desempenhar parte deles, principalmente, frente às situações que enfrentam, identificam os seus conflitos e mostraram-se gratificados pelo reconhecimento da contribuição do seu trabalho na reabilitação do portador de transtorno mental, preservando, assim, certo idealismo relativo ao exercício de sua profissão.Descritores: Saúde mental; Enfermagem psiquiátrica; Papel do profissional de enfermagem.

Satisfação E Insatisfação No Trabalho Do Enfermeiro

“…Satisfação profissional aparece como similar e mesmo como sinônimo de prazer, gratificação, experiência positiva, fatores que favorecem, facilitam ou são desejáveis, ponto forte ou positivo e motivação 10,12,13,15,[22][23][24]27 . Satisfação profissional, ou satisfação no trabalho, é considerada como um conjunto de sentimentos favoráveis determinados por um processo dinâmico, ativo e complexo, que podem acontecer em vários níveis influenciados por componentes intrínsecos e/ou extrínsecos, que possuem grau de importância diferenciado para cada profissional [10][11][12]19,21,23,[29][30][31][32]34 .…”

“…A insatisfação pode ser considerada como sendo o sentimento inverso à satisfação, ou seja, fazendo parte de um mesmo fenômeno representando dois extremos de um mesmo contínuo, existindo níveis entre eles com importância variada e dependente do indivíduo, representando, assim, um binômio satisfação/ insatisfação 1,12,19,21,[29][30][31][32]43 . A insatisfação profissional aparece também com o mesmo significado ou similar a dificuldades, experiências negativas, problemas, conflitos, fatores comprometedores, desconforto, sentimento de frustração e descontentamento 12,[22][23][24][25]27 . A insatisfação pode ser considerada como um estado emocional desagradável avaliado pelo homem de acordo com suas experiências no trabalho, utilizando a bagagem de atitudes, crenças e valores que traz consigo 1 .…”

Papéis, conflitos e gratificações de enfermeiros especialistas em enfermagem psiquiátrica e saúde mental: estudo prospectivo

“…Os papéis desempenhados pelos enfermeiros que desenvolvem suas atividades profissionais nos denominados serviços abertos de assistência psiquiátrica podem ser subdivididos algumas vezes como: papel administrativo; papel de cuidado direto e papel específico do enfermeiro, além da participação em pesquisas no tema saúde mental, se reconhecendo então como parte ativa do processo de gestão, não se desvencilhando do ato de cuidar, atuando no processo de pensar a forma de se fazer saúde e colocando-se em papel ativo de pesquisador (DIAZ HEREDIA;MARZIALE, 2010;KIRSCHBAUM;PAULA, 2001;LIMA et al, 2010).…”

“…Porém os pacientes, na fase aguda da doença, despertam nos profissionais sentimentos de impotência pelas demandas sintomáticas e pela incerteza das perspectivas. Estudos identificam a satisfação de profissionais da saúde mental (enfermeiros) ao contribuírem com a ressocialização dos pacientes (CASTRO; FUREGATO, 2008;DIAS;ARANHA SILVA, 2010;LIMA et al, 2010).…”

“…Dentre as atividades que são classificadas como administrativas, os enfermeiros se reconhecem como responsáveis pela manutenção de material, supervisão do pessoal, organização do serviço de assistência, educação continuada, confecção de manuais, solicitação de ambulância, orientação e supervisão, treinamento e reciclagem da equipe de enfermagem e participação em reuniões administrativas da equipe de saúde (BERTONCELLO; FRANCO, 2001;LIMA et al, 2010 O descompasso entre o ensino nas universidades, e a prática desenvolvida nos serviços de atenção à saúde mental e as políticas de saúde mental vigentes no país, leva a formação de profissionais acríticos, não reflexivos e com uma visão de prática desenvolvida primordialmente, no âmbito hospitalar e voltada para a medicalização, ancorada na "terapêutica" da segregação e exclusão social. (AMARANTE, 2001;FERNANDES et al, 2009;PERES;BARREIRA, 2008).…”