Pandemia de Covid-19: o comportamento de cães e a relação com seus tutores durante o isolamento social

Abstract

No ano de 2020 foi declarado pela Organização Mundial de Saúde um surto que se espalhou rapidamente por todos os continentes, o Covid-19. No Brasil e demais países da América Latina foi decretada uma série de regras para desacelerar o contágio do vírus. Uma delas foi o isolamento social, que alterou a rotina de várias pessoas e também dos animais de estimação. Por isso, o objetivo do nosso estudo foi identificar alterações comportamentais em cães e investigar a relação com seus tutores durante o isolamento social no período da pandemia de Covid-19. Um questionário para identificar possíveis alterações comportamentais em cães foi disponibilizado em redes sociais e enviado por e-mail. 1532 respostas foram registradas, de tutores que eram, a maioria, jovens/adultos, na faixa etária dos 24 aos 35 anos, estavam fazendo isolamento social, porém saiam para realizar tarefas essenciais e se identificaram com o gênero feminino. Nossos resultados demonstraram que, nesse período de pandemia, houve maior convívio dos tutores com seus cães. Além disso, os cães não demonstraram sinais de estresse, ansiedade e agressividade. Pelo contrário, mostraram-se mais apegados, formando um vínculo de hiperapego com seus tutores. Conclui-se que, nesse período, não foram identificados sinais comportamentais de estresse e agressividade nos cães. Foram constatados sinais de hiperapego, como chorosos e tristes quando separados dos tutores e mais dependentes. Com relação aos tutores, a maioria eram jovens/adultos, estavam fazendo isolamento social, porém saiam para realizar tarefas essenciais e se identificaram com o gênero feminino.

Impactos de la pandemia de coronavirus en el bienestar animal

“…Como resultado do confinamento restrito a um único ambiente, impedindo que os animais exerçam e expressem seu comportamento natural, alguns sinais de desordens emocionais podem ser exibidos, como: vocalização excessiva, eliminação de urina e fezes em locais inapropriados, automutilação, e até agressividade, são indicativos de estresse e ansiedade (Krug et al, 2021).…”

“…De acordo com estudo realizado em Santarém, no Pará (Brasil), a maior implicação do isolamento social realizado no país na rotina dos cães e gatos foi o crescimento do sentimento de carência dos animais, que durante esse período, passaram a conviver por mais tempo com os seus tutores, fortalecendo vínculos emocionais e de afetividade (Silva et al, 2021). Ademais, resultados da pesquisa de Krug et al (2021), também, demostraram sinais de hiper apego dos animais com seus tutores. Entretanto, essa dependência acentuada e excessiva dos animais com os seus tutores, pode provocar a ocorrência de diversas alterações comportamentais, além de afetar os mais diversos sistemas do organismo, incluindo cardíaco, respiratório, nervoso, gastrointestinal e oftálmico, e assim, desencadeando sinais clínicos como: choros frequentes, agressividade, medo, ansiedade, vocalização excessiva, perda de peso, hiperatividade, movimentos repetidos, tremores e inapetência.…”

“…Com a pandemia, foram desenvolvidas diversas medidas de controle da disseminação do vírus, e assim, em março de 2020, diversos países declararam situação de quarentena e isolamento social, alterando a rotina da população mundial, que foi obrigada a adaptar seus hábitos de trabalho e convivência com os membros da família e animais de companhia (Krug et al, 2021). Neste contexto, as mudanças promovidas na vida da população humana atingiram, direta e indiretamente, o cotidiano dos animais domésticos, gerando impactos significativos no bem-estar animal observados, especialmente, pela modificação de padrões comportamentais (Cabral & Savalli, 2020).…”