Paganismos, religião e atuação pública: uma comparação de discursos e práticas neopagãs no Brasil e em Portugal

Abstract

<jats:p>Resumo: Esta pesquisa pretende elucidar algumas das características do neopaganismo no Brasil e em Portugal, especialmente no que diz respeito a sua presença no espaço público e sua influência na formação de opiniões com relação a temas sensíveis da atualidade, como o meio ambiente e as questões de gênero. A pesquisa foi desenvolvida a partir das ferramentas da observação participante e de entrevistas junto a duas associações civis que congregam neopagãos no Brasil e em Portugal. Como resultado, foi encontrada uma diferenciação nos discursos relacionados à sexualidade e ao feminismo entre os grupos neopagãos brasileiros e portugueses. Por outro lado, percebeu-se afinidades nos discursos concernentes ao tema da ecologia.</jats:p>

Notáveis pelo cancelamento

“…Para Cordovil (2015Cordovil ( , 2020 as práticas e discursos neopagãos de nova era encontraram no Brasil a possibilidade de crescimento. Para a autora, "o avanço do neo¬paganismo está ligado a um contexto de modernidade religiosa" (Cordovil, 2020, p. 203); neste "contexto", as buscas pessoais e individualizadas adquirem importância maior do que o pertencimento às instituições religiosas tidas por tradicionais.…”

“…8 Quanto ao fenômeno da formação dessas comunidades, poderíamos explorar a obra de Michel Maffesoli; seu conceito de "tribos urbanas" ou "tribalização juvenil" podem ser úteis para pensar esse processo; todavia, a nossa proposta aqui não é analisar como esse grupo se forma, mas como é visto pelos outsiders. feminismo e as manifestações contraculturais que faziam frente aos avanços de economias globalizadas; marcos temporais e políticos como a Guerra Fria, a guerra do Vietnã e os movimentos pacifistas em prol dos direitos civis do fim dos anos 1960 estão diretamente relacionados com a explosão desse movimento (Cordovil, 2020). Tomando a cultura ocidental como um espelho invertido do Oriente, os sujeitos que se identificavam como membros da nova era se tornaram críticos das instituições religiosas de seus familiares, tomando as filosofias, ontologias e religiões não ocidentais por base de suas práticas.…”