Padre Raulino Reitz e as ciências naturais no Brasil

Abstract

Relatos sobre as riquezas do Brasil A lguns exploradores, como Pero Vaz de Caminha, o cronista do descobrimento, fizeram relatos da biodiversidade brasileira. A carta de Caminha descreve genericamente alguns animais e plantas, mas não restam dúvidas sobre o uso do corante vermelho extraído do urucum (Bixa orellana) e o preto derivado do suco do jenipapo (Genipa americana). Os dois corantes ainda são utilizados pelos índios para adornarem a pele e o processo de extração do urucum é o mesmo de 500 anos atrás. Outros exploradores vieram a seguir e enriqueceram os registros da biodiversidade, como Hans Staden (Duas viagens ao Brasil, 1557) que descreveu a importância da mandioca na alimentação diária dos índios. O desafortunado aventureiro alemão foi aprisionado pelos índios Tupinambás-nove meses de "engorda", pois ele era demasiado magro para ser consumido num ritual antropofágico. As invencionices de Staden foram plagiadas por outros exploradores, de modo que a antropofagia passou a ser vista como prática corriqueira entre os nativos do Novo Mundo.

Os alemães no Brasil: expedições científicas, colonização e herança intelectual

“…Alguns naturalistas brasileiros se destacaram nos estudos acerca da biodiversidade brasileira (GUERRA, 2010), mas os alemães também deram valiosas contribuições a este campo do conhecimento. Dentre eles, destacam-se o botânico Friedrich Sellow (1789Sellow ( -1931, o qual recebeu subvenções financeiras do Museu Nacional (1815) e realizou visitas aos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e São Paulo; ele se fez acompanhar de naturalistas ilustres, realizou importantes coletas e tinha apenas 42 anos quando encontrou a morte nas águas do Rio Doce (FERRI, 1955).…”

“…Louis Agassiz (1808-73), suíço radicado nos EUA, coletou material no Brasil que enriqueceu substancialmente o Museu de Histó-ria Natural da Universidade de Harvard e contou com o suporte logístico de Pedro II. Ele defendia a segregação racial, a fim de preservar a integridade e a pureza da raça branca (GUERRA, 2010).…”

“…Alguns naturalistas da região Sul do país alcança-ram renome internacional e ocupam lugar privilegiado na história das ciências naturais, entre os quais Balduíno Rambo (1905-61), João Alfredo Rohr (1908 e Raulino Reitz (1910-90); os três são filhos genuínos da colônia alemã, seguiram carreira eclesiástica e eram homens de espírito prático (GUERRA, 2010). Rambo e Reitz escreveram obras sobre a colonização alemã no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, respectivamente; Padre Rohr foi um educador exemplar no Colégio Catarinense (Florianópolis/SC) e foi um pioneiro da arqueologia brasileira.…”