“…Embora reconheça, assim como seus pais, tanto a melhora das condições de vida da sua família, como a melhora do bairro, cujos problemas vivenciou desde o início, discorda do pai em dois sentidos: na banalização das compras parceladas e no desejo de deixar o bairro. Para a compreensão desse segundo sentido, as muitas mudanças no Cidade Araci, algumas das quais foram descritas por seus pais e vizinhos 24 como conquistas coletivas das quais se orgulham, não são suficientes para livrar seus moradores dos referidos "estigmas territoriais", uma vez que as mudanças objetivas podem ser realizadas numa temporalidade mais acelerada que as mudanças subjetivas (OLIVEIRA, 2015). Para a jovem Milena, a solução seria, então, individual, com a mudança para um dos muitos espaços residenciais fechados, cotidianamente anunciados pelas campanhas de marketing como a forma mais moderna de se viver na cidade, e já disponíveis em São Carlos, para citadinos com diferentes faixas de renda, desde os populares, como o Terra Nova São Carlos, com residências de 44m 2 (pesquisado por Oliveira (2015)), até os mais luxuosos e exclusivos, como indica a presença de um campo de golf no complexo integrado pelos residenciais Damha I e II (pesquisados por Sposito e Góes (2013)).…”
Section: "Parei De Utilizar O Cartão De Crédito "11unclassified
Usando "dinheiro de plástico" e planejando o futuro:consumo, crédito e nova subjetividade em cidades médiasUsing "plastic money" and planning the future:consumption, credit and new subjectivity in mid-sized cities
Eda Maria GóesUniversidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Departamento de Geografia, Presidente Prudente, SP, Brasil R e s u m o : Neste artigo, incorporamos as proposições de Lazzarato (2013) sobre a "produção do homem endividado", central à compreensão da sociedade atual, como ponto de vista transversal à análise de entrevistas com citadinos de seis cidades médias brasileiras, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São Carlos e São José do Rio Preto (SP) e Londrina (PR). Realizadas no âmbito do Projeto Temá-tico "Lógicas econômicas e práticas espaciais contemporâneas: cidades médias e consumo", as entrevistas versam sobre o consumo e seus espaços, em sentido amplo. As referências ao uso do cartão de crédito e ao financiamento da casa própria, principalmente, mas também a empréstimos, cheques pré-datados, boletos bancários e cadernetas, em sua amplitude e diversidade vinculadas às diferenças entre as classes sociais e seus segmentos, e suas espacializações múltiplas e desiguais, possibilitam compreender os efeitos do processo de financeirização em sua relação com a ampliação da bancarização e do acesso ao crédito. P a l a v r a s -c h a v e : consumo; crédito; financeirização; bancarização; práticas espaciais; cidades médias; produção do espaço urbano. Lazzarato's proposals (2013)
A b s t r A c t : Within this work, we have incorporated
“…Embora reconheça, assim como seus pais, tanto a melhora das condições de vida da sua família, como a melhora do bairro, cujos problemas vivenciou desde o início, discorda do pai em dois sentidos: na banalização das compras parceladas e no desejo de deixar o bairro. Para a compreensão desse segundo sentido, as muitas mudanças no Cidade Araci, algumas das quais foram descritas por seus pais e vizinhos 24 como conquistas coletivas das quais se orgulham, não são suficientes para livrar seus moradores dos referidos "estigmas territoriais", uma vez que as mudanças objetivas podem ser realizadas numa temporalidade mais acelerada que as mudanças subjetivas (OLIVEIRA, 2015). Para a jovem Milena, a solução seria, então, individual, com a mudança para um dos muitos espaços residenciais fechados, cotidianamente anunciados pelas campanhas de marketing como a forma mais moderna de se viver na cidade, e já disponíveis em São Carlos, para citadinos com diferentes faixas de renda, desde os populares, como o Terra Nova São Carlos, com residências de 44m 2 (pesquisado por Oliveira (2015)), até os mais luxuosos e exclusivos, como indica a presença de um campo de golf no complexo integrado pelos residenciais Damha I e II (pesquisados por Sposito e Góes (2013)).…”
Section: "Parei De Utilizar O Cartão De Crédito "11unclassified
Usando "dinheiro de plástico" e planejando o futuro:consumo, crédito e nova subjetividade em cidades médiasUsing "plastic money" and planning the future:consumption, credit and new subjectivity in mid-sized cities
Eda Maria GóesUniversidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Departamento de Geografia, Presidente Prudente, SP, Brasil R e s u m o : Neste artigo, incorporamos as proposições de Lazzarato (2013) sobre a "produção do homem endividado", central à compreensão da sociedade atual, como ponto de vista transversal à análise de entrevistas com citadinos de seis cidades médias brasileiras, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São Carlos e São José do Rio Preto (SP) e Londrina (PR). Realizadas no âmbito do Projeto Temá-tico "Lógicas econômicas e práticas espaciais contemporâneas: cidades médias e consumo", as entrevistas versam sobre o consumo e seus espaços, em sentido amplo. As referências ao uso do cartão de crédito e ao financiamento da casa própria, principalmente, mas também a empréstimos, cheques pré-datados, boletos bancários e cadernetas, em sua amplitude e diversidade vinculadas às diferenças entre as classes sociais e seus segmentos, e suas espacializações múltiplas e desiguais, possibilitam compreender os efeitos do processo de financeirização em sua relação com a ampliação da bancarização e do acesso ao crédito. P a l a v r a s -c h a v e : consumo; crédito; financeirização; bancarização; práticas espaciais; cidades médias; produção do espaço urbano. Lazzarato's proposals (2013)
A b s t r A c t : Within this work, we have incorporated
“…Pessoas pobres e que residem em bairros periféricos frequentemente são expostas à estigmas socioespaciais (OLIVEIRA, 2015). Goffman (1981) Uma das estratégias importantes para a atuação do NASF-AB junto aos territórios, é a oferta de grupos de práticas corporais/atividades físicas (PCAF).…”
Objetivou-se analisar a percepção quanto ao estigma sofrido por mulheres de um bairro do Programa Minha Casa Minha Vida, destinado a pessoas de baixa renda, participantes de um grupo de Práticas Corporais/Atividade Física (PCAF) oferecido por uma Unidade Básica de Saúde de Londrina-PR, bem como a importância percebida em relação à participação neste grupo. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, com 25 mulheres. Foram definidas duas categorias de análise: “estigma e discriminação” e “mudanças percebidas na vida após participação no grupo”. As participantes relataram experiências em que sofreram estigmas e que a participação no grupo foi benéfica, tanto em relação à aspectos físicos, quanto em relação ao desenvolvimento do sentimento de pertencimento ao bairro. Conclui-se que o grupo de PCAF foi importante para o enfrentamento do sofrimento relacionado às experiências de estigma, problema este que precisa ser enfrentado de maneira ampla e articulada.
“…Os loteamentos fechados estão produzindo uma nova forma no tecido urbano, resultando numa lógica peculiar de expansão territorial urbana nas décadas recentes, caracterizada pela descontinuidade e consubstanciando novas práticas espaciais dos moradores com a cidade(SPOSITO e GÓES, 2013).As diferentes tipologias de loteamentos estão vinculados à apropriação da renda da terra, em que a margem de retorno do capital aplicado é fundamental, na medida em que o agente incorporador ou em certos casos o proprietário fundiário busca produzir e apropriar-se da renda diferencial ao converter o uso do solo de rural para urbano. O Estado também assume papel de indutor da expansão do tecido urbano ao implantar ou financiar loteamentos e conjuntos habitacionais direcionados à população de baixa renda(OLIVEIRA, 2015;SANTOS, 2020).O parcelamento da terra em unidades menores para a implantação de loteamentos fechados, em determinados casos, pode ocasionar a formação da renda de monopólio, ou segundo Jaramillo (2009), renda de monopólio de segregação. A capacidade financeira do agente é um dos principais elementos relacionados ao tipo de loteamento e das infraestruturas implantadas, porquanto, influencia de forma direta a apropriação da renda da terra(ABRAMO, 1989).…”
A cidade de Presidente Prudente teve origem no contexto da expansão do cultivo do café, quando a terra já era mercadoria. A propriedade privada da terra é central neste trabalho para a compreensão de processos contemporâneos de produção do espaço urbano. O artigo analisa a expansão territorial recente e seus desdobramentos sobre a morfologia urbana, resultando em distintas tipologias de loteamentos residenciais, formação de vazios urbanos e na permanência dos lotes não edificados, vinculados a práticas especulativas sobre a terra. A propriedade privada da terra rural e urbana são basilares para a compreensão dos agentes produtores do espaço urbano e dos seus vetores de expansão. Adotou-se como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica, levantamento de dados sobre as terras pertencentes a empresas de incorporação imobiliária, mapeamento e caracterização de loteamentos com fins residenciais, vazios urbanos e lotes não edificados nos anos de 2010 e 2018. O tecido urbano expandiu de forma rápida e descontínua nas últimas décadas, motivado por interesses fundiários/imobiliários e conivência do poder público local ao beneficiar o capital incorporador e os proprietários fundiários através de medidas como a ampliação do perímetro urbano e das escolhas locacionais para a construção dos grandes conjuntos habitacionais populares.
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