Os romances sentimentais e a revolução digital: os processos de criação dos projetos de democratização da leitura nos livros do coração

Abstract

Os romances sentimentais, aqueles que centram seu enredo em contar histórias de amor, geram um montante de 1,52 bilhões de dólares em vendas anuais. Porém, com a popularização do formato digital, no início do século XXI, esse mercado tem sofrido mudanças drásticas. Se o formato digital permite a reprodução das obras em um suporte distinto do impresso, expandindo vendas, também possibilita a sua reprodução não autorizada, de forma ilimitada, uma vez que os e-books lançados na internet podem ser, inúmeras vezes, baixados. Assim, o foco deste trabalho está nos projetos de democratização destes livros que permitem o seu download gratuito nos inúmeros blogs que se especializam nestes romances. Os projetos disponibilizam, em PDF ou em Word, sucessos impressos antigos do mercado, bem como best sellers atuais do gênero, publicados ou não no Brasil. Neste contexto, nos indagamos como se dá, mediados por estes projetos, o processo de produção destes e-books artesanais. Assim, este trabalho tem o objetivo de discutir como a revolução digital impactou o mercado dos “livros do coração” a partir da lógica de produção dos projetos de democratização da leitura que pululam na internet, e que são a principal fonte de alimentação dos blogs que tratam do tema. Para tal, a metodologia utilizada foi a hermenêutica de profundidade de Thompson (1995), especificamente a sua análise sócio-histórica e formal ou discursiva. Neste sentido, este trabalho visa a investigar as lógicas que orientam os projetos de democratização dos livros sentimentais, pois acreditamos que tais projetos têm desempenhado um papel de relevância no que diz respeito às transformações que se gestem no consumo dos romances contemporâneos.

Narrativas homoeróticas: sexo, amor e família nas páginas dos romances sentimentais

“…Os próprios romances sentimentais presentes no mercado cultural contemporâneo são alvo de pesquisas escassas. Porém, os trabalhos de Andrade eSilva (2011Silva ( , 2014Silva ( , 2015Silva ( , 2018, Andrade e Feitosa (2018b),Leão (2017Leão ( , 2016 destacam-se neste incipiente campo de análise.…”