Os Recursos De Poder Do Sindicalismo Português

Abstract

As transformações ocorridas nas últimas três décadas produziram um contexto global que é particularmente adverso à ação sindical. Mas no caso dos países do sul da Europa – países periféricos integrados na zona Euro – o período mais recente, caracterizado pela implementação de políticas de austeridade, constitui um marco essencial que buscou efetuar mudanças estruturais na esfera das relações de trabalho. O presente trabalho pretende estudar a evolução do movimento sindical português utilizando o quadro teórico dos recursos de poder. O estudo está dividido em quatro partes: primeiro, fornece-se uma visão panorâmica da economia, relações de trabalho e sindicalismo; segundo, analisa-se o processo de integração europeia assimétrica e a implementação das políticas de austeridade (2011-2015); terceiro, estuda-se o novo contexto político produzido pelas eleições legislativas de 4 de outubro de 2015; por fim, avançam-se algumas considerações sobre a evolução dos recursos de poder do sindicalismo português.

A institucionalização do consenso

“…Essas reivindicações foram catalisadas pela Central sob a defesa de um projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de renda e valorização do trabalho. Essa bandeira de luta foi sendo construída ao longo dos anos, atingiu sua forma mais acabada entre os anos 2006 e 2010 e perdeu aplicabilidade no ano de 2015, quando a agenda da CUT voltou-se para a defesa da democracia e dos direitos num contexto de aprofundamento das crises econômica e política no país(KREIN et al, 2017). política econômica nacional, além de fortalecer instrumentos para a maior distribuição de renda, deve implementar mecanismos para o incremento da produção e alavancar o consumo de massa no país, através do desenvolvimento industrial e do setor de serviços.Um potencial importante é o investimento nos setores de bens de consumo de massa e o fortalecimento de setores que utilizam intensivamente mão-de-obra.…”