O intenso tráfico negreiro transatlântico resultou no sequestro de cerca de 12,5 milhões de africanos, entre os séculos XVI e XIX, sendo os seus principais destinos na América portuguesa os portos do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco. Por meio da análise de manuscritos, busca-se exercitar o papel político, social e histórico da Filologia, ciência primordial na construção da História, tomando como objeto de análise o registro, em documentos notariais, dos novos perfis sociais e profissionais construídos na diáspora africana, na Bahia colonial. Para tanto, estabelece-se um referencial teórico transdisciplinar que institui o diálogo entre a Filologia e outras ciências afins, a exemplo da Paleografia, ciência que orienta a leitura de manuscritos, da Diplomática, pelo auxílio que presta na análise dos formulários, da Sociologia dos textos, que observa os testemunhos pretéritos em seu contexto, da História cultural, para respaldar o estudo das práticas culturais e da Onomástica, que auxilia na compreensão dos perfis sociais do período. O estudo demonstra a importância do conhecimento do passado para a compreensão da realidade presente.