Os primeiros anos da "Escola de Frankfurt" no Brasil

Abstract

Para os pesquisadores em ciências sociais se tornou comum o entendimento de que a expressão "Escola de Frankfurt" é uma imprecisão conceitual 1 . Por outro lado, a sua utilização pode servir como forma de exposição acerca da chamada teoria crítica da sociedade, em geral associada ao seu momento inaugural com Max Horkheimer e a fundação do Instituto de Investigação Social de Frankfurt, cujas contribuições para o pensamento contemporâneo são hoje inegáveis.A teoria crítica se constituiu no século XX como um "modelo" de compreensão da realidade que ultrapassou suas iniciais tonalidades frankfurtianas, e mesmo quanto a estas, formou diferentes gerações, afinal, concordando ou não com suas ideias, poucos questionam a importância de pensadores como Jürgen Habermas e Axel Honneth para a teoria social contemporânea.Pretendemos neste ensaio indicar alguns aspectos que caracterizam o processo de recepção da teoria crítica da 1 Para maior entendimento do que pensa este autor sobre o tema, ver Camargo (2006aCamargo ( , 2006b).

TEORIA CRÍTICA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: reflexões e possibilidades no campo teórico

“…No Brasil, como considera Camargo (2014), a teoria crítica é recepcionada a partir de 1960. A esse respeito é importante destacar:…”

Só a luta muda a vida: um estudo sobre lutas sociais e mandatos coletivos na atual crise da democracia brasileira

“…Se descontarmos o famoso estudo sobre a personalidade autoritária, coordenado por Adorno, presente em todos os livros-textos de psicologia social pós 1950 e introduzido no Brasil por Otto Klineberg e Dante Moreira Leite, foi Ecléa Bosi quem introduziu de forma sistematizada o pensamento de Adorno neste campo, ainda no final da década de 1960, em seu estudo sobre operárias leitoras. Sobre o pioneirismo de Ecléa na recepção da teoria crítica no Brasil, conferir o trabalho de Silvio Camargo (2014).…”

Coleção Os Pensadores: Aura Do Livro E Mercado Editorial

“…É também importante pensar este "outro lado" da auratização, que é a existência da coleção como um produto da indústria cultural, no que se torna fundamental discutir as ideias e os escritos dos filósofos de Frankfurt, uma vez que poderíamos dizer que a coleção Os Pensadores contribui, ao menos em parte, para a chegada dos estudos da Escola de Frankfurt ao país, traduzidos para o português. Uma prova disso é que os escritos de Walter Benjamin ganham volume próprio, em livro, pela primeira vez no Brasil, em língua portuguesa, por meio das páginas da Coleção.Segundo SilvioCamargo (2014), José Guilherme Merquior e Roberto Schwarz em 1965 e Leandro Konder em 1967 já se referiam em seus textos a Walter Benjamin. No conjunto de traduções de textos publicadas na Revista Civilização Brasileira 6 , entende o sociólogo que se possa identificar o momento a 6 Esta revista foi publicada entre 1965 e 1968 e se tornou uma referência para intelectuais de esquerda.…”