Os Jovens Que Não Trabalham E Não Estudam No Contexto Da Pandemia Da Covid-19 No Brasil

Geração "nem-nem" na pandemia de COVID-19: Uma abordagem com regressões logísticas

“…No tocante às desagregações de escolaridade, regionais e de transferências governamentais, apesar de o Seguro-Desemprego ter a maior odds ratio, o Auxílio Emergencial criado para amenizar as necessidades dos beneficiários durante a pandemia faz com que o jovem que recebe esse benefício tenha 1,63 vezes mais chances de ser um nem-nem do que o jovem que não recebe o benefício. A odds ratio calculada para o Auxílio Emergencial é explicada porque ele foi um instrumento importante para manter o jovem nem-nem em condições mínimas de sustentação, mesmo que não seja suficiente para reduzir os efeitos educacionais e laborais que ocorrerão após a pandemia (Silva e Vaz, 2020). Além disso, existe a possibilidade de que haja um efeito ambíguo em que o Auxílio Emergencial influencia o status "nem-nem" e vice-versa, uma vez que muitos dos jovens enquadram-se no critério do programa.…”

Transformações no mercado de trabalho brasileiro durante os anos 2010: o avanço da informalidade na estrutura ocupacional

“…Com a crise econômico-política de 2015-2016, o discurso em defesa da flexibilização toma vigor com a criação e implementação da Reforma Trabalhista (Lei Federal nº 13.467/2017). A reforma se alinha fortemente às proposições globais de transformação no mundo do trabalho, uma vez que institucionaliza modalidades atípicas de contratação (como o intermitente) que reduzem a segurança e a previsibilidade para o trabalhador; promove o esvaziamento da justiça trabalhista e, desse modo, estimula a contratação informal; bem como cria "brechas" para o ocultamento do assalariamento, como a "pejotização" 9 (ANTUNES, 2018;SILVA, 2018;KREIN, OLIVEIRA e FILGUEIRAS, 2019). Além disso, há o fenômeno da "plataformização", isto é, a gestão do trabalho por algoritmo, sem contratos com horário e função definidas e com inexistência de relação direta entre trabalhador e empregador.…”

Entre o Trabalho e a Escola: cursos de vida de jovens pobres

“…Ser mulher, especialmente com filhos; ser pobre; ser negro; ter baixa escolaridade; e morar em domicílios com maior número de crianças, ou outra pessoa que exige cuidados aumentam expressivamente as chances de um jovem se tornar nem-nem por um curto ou longo período de sua vida (Silva;Vaz, 2020, p. 106).…”