Pensei num labirinto de labirintos, num sinuoso labirinto crescente que abrangesse o passado e o futuro e implicasse de algum modo os astros. (BORGES, 2007). oltam os labirintos... Na ficção Borges inventa a imagem de um labirinto de labirintos. Na literatura ele pode assim jogar com as palavras e suas imagens refletidas. Não se trata aqui de fixar um sentido ou significado a essa invenção, mas de propor a epígrafe para pensar nosso ofício, irremediavelmente atado à costura de palavras em textos historiográficos. Haverá labirintos de labirintos nos processos em que estamos imersos como historiadores? Os labirintos das "palavras arquivadas" (FARGE, 1989), das palavras ditas e dos não ditos do passado e das palavras que escolhemos para fazer falar nossos arquivos e dispô-los em textos? A cada vez, a cada número, e não menos nesta edição 56 de História da Educação, o leitor poderá observar algumas "batalhas das palavras", na acepção de Jacques Rancière (2014). Umas palavras foram habilmente domadas, outras ainda estão em disputa ou em excesso, algumas estão desgarradas, perdidas, escorridas, mais outras orquestram uma arquitetura poética ou um hábil argumento que nos surpreende porque formula o não pronunciado até o momento. Assim, diversas estão habilmente costuradas, lançam luz a tramas complexas e inspiram a percorrer seus labirintos. V Hist. Educ. (Online) Porto Alegre v. 22 n. 56 set./dez. 2018 p.