Quase tão grande como Deus é a basílica de S. Pedro de Roma que el-rei está a levantar. É uma construção sem caboucos nem alicerces, assenta em tampo de mesa que não precisaria ser tão sólido para a carga que suporta, miniatura de basílica dispersa em pedaços de encaixar (...), que, à mão reverente, vão sendo colhidos pelos quatro camaristas de serviço. (...) Já todas as paredes estão firmes nos engonços, aprumadas se vêem as colunas sob cornija percorrida de latinas letras que explicam o nome e o título de Paulo V Borghese e que el-rei há muito tempo deixou de ler, embora sempre os seus olhos se comprazam no número ordinal daquele papa, por via da igualdade do seu próprio. (...) Vai ajustando nos buracos apropriados da cimalha as figuras dos profetas e dos santos, e por cada uma fez vénia o camarista (...). Do alto da cimalha o que elas vêem não é a Praça de S. Pedro, mas o rei de Portugal e os camaristas que o servem. Vêem o soalho da tribuna, as gelosias que dão para a capela real, e amanhã, à hora da primeira missa, se entretanto não regressarem aos veludos e à arca, hão-de ver el-rei devotamente acompanhando o santo sacrifício, com o seu séquito... (José Saramago, Memorial do Convento) AGRADECIMENTOS Faces da mesma moeda, a produção do conhecimento acadêmico consegue simultaneamente ser um processo solitário e de grandes e essenciais colaborações. Assim sendo, não poderia me furtar de agradecer a pessoas que tanto colaboraram, direta ou indiretamente, para a realização deste trabalho. Agradeço primeiramente a Iris Kantor, que tão generosamente acolheu meu projeto de pesquisa e bancou minha orientação. Suas observações e sugestões foram essenciais ao estudo ora apresentado. Agradeço igualmente a Arno Wehling, meu orientador durante a iniciação científica e monografia de graduação, aquele que me levou a ver Clio nos olhos pela primeira vez. Seus ensinamentos me acompanharam em cada momento do desenvolvimento deste trabalho. Ao mencionar os mestres que orientam meus rumos acadêmicos, como não mencionar Marcos Guimarães Sanches, figura tão marcante em meu desenvolvimento acadêmico e que me ensinou que estudar Brasil Colônia é, sobretudo, uma questão de bom gosto?Meu muito obrigado também a Fernando Novais e Bruno Feitler, que tanto lustre proporcionaram à minha banca de qualificação, com suas atentas leituras, observações e sugestões. A Thomás Haddad que, em disciplina conjunta Iris Kantor, foi sempre tão atencioso, dedico boa parcela de minha gratidão. Não poderia me esquecer igualmente de Ana Paula Torres Megiani, que tão generosa e pacientemente acolheu a este secetentista -com colocações e questionamentos por vezes estranhos -em sua agradabilíssima cadeira de Portugal dos séculos XV a XVII. Agradeço ainda a Evergton Sales Souza pela atenção com que me ouviu em nossos poucos, porém, produtivos e, para mim, entusiásticos encontros, pelas sugestões e artigos enviados; a William de Souza Martins pela solicitude que demonstrou em todos os nossos encontros, fosse em eventos ou em fortuitos esbarrões pelos arquivos...