Este texto visa pensar o tema deficiência, que tem sido bastante discutido no Brasil,principalmente depois das conquistas de alguns direitos fundamentais que ampliaram aspossibilidades de encontros com as pessoas com deficiência. A partir de alguns encontrosexperimentados com a deficiência, buscamos aproximações com o método cartográfico, queconsiste em acompanhar e investigar processos sem definição de regras a serem aplicadas apriori. Os encontros com a deficiência produziram os eixos de investigação do texto: asformas de olhar, a alteridade e a inclusão social. O olhar é percebido como um processocomplexo de conhecer e sentir o mundo, podendo ocorrer por meio da visão maior e da visãomenor, duas dimensões do olhar necessárias e complementares. A visão menor é defendidacomo meio de garantir o olhar para a deficiência para além da visão maior, predominante nasociedade em que vivemos. No decorrer do texto, procuramos exercitar a visão menor noprocesso de compreensão de dois comerciais que abordam as políticas de inclusão das pessoascom deficiência, ambos divulgados na mídia brasileira. Nesse exercício, percebemos que épreciso ver o que está além ou aquém do visível; é necessário que o encontro com o outro/ adeficiência não ocorra apenas no campo politicamente correto. As políticas de inclusão devemgarantir a alteridade ética, que promovam contágios, produzam diferenças e instauremmovimentos de resistência aos processos de homogeneização da subjetividade. Movimentosque brotam da presença viva do outro em nós.