Nas últimas décadas, museus etnográficos ocidentais foram criticados por seus acervos, discursos e práticas coloniais. Pressionados a mudar sua relação e comunicação com a sociedade, muitos se lançaram em experiências decoloniais, visando processos museológicos mais dialógicos, especialmente com as comunidades associadas às suas coleções, como os povos indígenas. Este artigo delineia elementos conceituais sobre essa temática, apresentando alguns resultados de uma pesquisa de pós-doutorado que analisou oito museus no Brasil. Com foco em práticas colaborativas com povos indígenas, a investigação evidenciou o que Berta Ribeiro e Lucia van Velthem anunciavam desde os anos de 1990: que tais processos ultrapassam os limites das próprias coleções, transbordando as fronteiras dos museus. Talvez seja possível afirmar que se por um lado esses casos se norteiam por princípios da descolonização, por outro, revelam diferentes configurações de mediação cultural com os indígenas. No horizonte aponta-se para o desafio de tornar essas práticas políticas institucionais.