Obesidade: para prevenir é preciso conhecer

Abstract

A obesidade sempre esteve presente de forma marcante nos seres humanos, onde desde os tempos da pré--história verifica-se a existência de estatuetas, que datam da Idade da Pedra, representando formas femininas excessivamente redondas, sugerindo obesidade. Destas, a mais conhecida, é sem dúvida a Venus de Willendorf, exposta no Museu da História Natural de Viena, que data aproximadamente de há 24.000 anos.Observamos também, que a causa da obesidade foi descrita nos primeiros anos da história por Hipócrates, Platão, Aristóteles e Galeno respectivamente.Shakespeare (1564-1616), oriundo da Grã-Bretanha, foi um dos autores que mais associou a gula à obesidade, vale mencionar Sir John Falstaff, um cavaleiro gordo, vaidoso, prepotente e covarde, personagem fictício que aparece em três peças de William Shakespeare (Henrique IV, Henrique V e As Alegres Comadres de Windsor).Na Europa, em uma época onde a corpulência era altamente considerada e ricamente representada em pinturas de mulheres carnudas por artistas como Rubens e Renoir, a obesidade, que deriva do latim obesus (aquele que se tornou gordo), surge pela primeira vez num contexto médico em 1620 por Thomas Verter, que se referia à obesidade como um risco ocupacional das classes ricas 1 .No início do século 20, começou-se a acumular evidências de que a obesidade era uma condição que poderia prejudicar a saúde das pessoas. Hoje está bem estabelecido que a obesidade é caracterizada pelo acumulo excessivo de gordura corporal com potencial prejuízo para a saúde, decorrente de vários fatores sejam esses genéticos, de susceptibilidade biológica ou ambiental, como padrões dietéticos ou de atividade física, entre outros, que interagem na etiologia da patologia.No encontro de Genebra, em 2002, a OMS adotou uma definição mais sucinta que conceitua a obesidade como um excesso de gordura corporal acumulada no tecido adiposo, com prejuízo para a saúde do indivíduo 2 . A obesidade tem sido vista como um sério problema de saúde pública, sendo fator de risco para condições clínicas crônicas. O excesso de peso predispõe o organismo a uma série de doenças, em particular doenças cardiovasculares, apneia do sono, doenças músculo--esqueléticas, neoplasia de mama, cólon e reto, doenças endocrino-metabólicas como a diabetes mellitus tipo 2 e síndrome metabólica. Estas condições clínicas citadas, outrora somente vistas em adultos, atualmente são também encontradas em crianças 3 .Procurando entender por que, em tão pouco tempo, a obesidade se tornou um problema de tão grande proporção, pesquisas estão sendo realizadas mundialmente em busca de respostas em diversas direções, com resultados muitas vezes contraditórios, abrangendo campos como a biologia molecular, estudos epidemiológicos, estudos psicológicos, sociais e clínicos, ou mesmo buscando compreender o problema dentro da teoria da evolução 4 .Certos autores investigam a influência genética, outros hormônios e substâncias reguladoras do metabolismo lipídico e da saciedade (leptina, adiponectina, grelina, pYY) e diversos pesquisadores i...