O valor simbólico do dinheiro e o princípio da equivalência: um estudo sobre as moedas sociais em um clube de trocas em Porto Alegre

Abstract

Revista do núcleo de antropologia urbana da USP | 2008Ponto Urbe 3 O valor simbólico do dinheiro e o princípio da equivalência: um estudo sobre as moedas sociais em um clube de trocas em Porto Alegre

As Bases Institucionais Da Moeda

“…Embora sejam utilizadas para quitação de dívidas, as moedas sociais dificilmente são estocadas como fonte de enriquecimento (reserva de valor) (BLANC, 1998). Além disso, a sua circulação em uma comunidade relativamente pequena atribui a elas propriedades simbólicas que nem sempre as deixam circular como equivalente geral de troca exclusivamente (RADOMSKY, 2008;RIGO, FRANÇA FILHO, 2017). Em muitos casos, as moedas sociais são trocadas por produtos que apresentam valores superiores ou inferiores à sua denominação numérica.…”

“…Em muitos casos, as moedas sociais são trocadas por produtos que apresentam valores superiores ou inferiores à sua denominação numérica. Nesses casos, as moedas apresentam uma carga simbólica que as aproxima da entrega da dádiva ou do dom (RADOMSKY, 2008;RIGO, FRANÇA FILHO, 2017). A sua utilização como meio de troca remete mais a uma questão de solidariedade, simbolismo e confiança no grupo de troca do que propriamente a um equivalente geral de valores.…”

Trabalho, Economia Solidária E Desproteção Social: Reflexões Sobre O Trabalho De Catadoras De Recicláveis Em Suas Lutas Por Inclusão Socioprodutiva E Acesso a Direitos

“…As formas cooperativas e solidárias de trabalho são antigas e algumas delas já conhecidas, como a experiência de Bangladesh, clubes ou redes de troca e moedas sociais. Trata-se de um fenômeno amplo, para além do Brasil, da América Latina e dos países em desenvolvimento e de acordo com Radomsky (2008), As relações de trabalho pautadas nos princípios dessa "outra economia", de acordo com Coraggio (apud CATTANI, 2003), Cattani (2003) e França Filho e Laville (2004), têm como foco principal a reprodução ampliada da vida e hegemonia dos interesses do conjunto dos trabalhadores, preocupando-se não somente com o consumo de bens e serviços materiais, mas também com a valorização das relações interpessoais e dos afetos. O objetivo não é o lucro e a acumulação, e sim a valorização das condições de existência, tanto no que se refere ao acesso aos bens e serviços, como também à participação em movimentos reivindicatórios e lutas por igualdade de gênero e políticas públicas.…”