O uso da episiotomia no Sistema Único de Saúde Brasileiro: a percepção das parturientes

Abstract

RESUMO:Este estudo teve como objetivo mapear as percepções das parturientes em relação à episiotomia sofrida com, ou sem, seu conhecimento e consentimento e suas consequências no pós-parto. Tratou-se de uma pesquisa do tipo descritiva qualitativa com 50 parturientes. Em 76,27% (n=45) foram submetidas à episotomia sem o consentimento ou conhecimento prévio. Emergiram durante a entrevista fatores como grau de conhecimento e de orientação antecipada sobre o procedimento; possíveis complicações e cuidados após o parto; reação emocional e equipe de saúde frente a tal situação. As parturientes que só realizaram partos normais em todas as gestações predominaram com 52% (n=26) com faixa etária de 18 a 25 anos. Observou-se uma notória insatisfação das entrevistadas enquanto pacientes. As falas sugerem que a realização da episiotomia representou uma violação dos direitos sexuais, reprodutivos e emocionais das mesmas. PALAVRAS-CHAVE:Episiotomia; Gestantes; Sistema Único de Saúde; Parto humanizado; Humanização da Assistência. EPISIOTOMY IN BRAZILIAN HEALTH SYSTEM:PREGNANT WOMEN´S PERCEPTION ABSTRACT: Pregnant women´s perception with regard to episiotomy, with or without consent, and its consequences in post-birth period is analyzed by a descriptive and qualitative research with 50 pregnant females. Further, 76.27% (n=45) of females underwent episiotomy without consent or previous consent. Interview revealed knowledge depth and anticipated directions on the procedure; possible complications and after-birth care; emotional reactions and health team in the process. Pregnant females with normal births predominated by 52% (n=26), within the 18 -25 years bracket. There was a great dissatisfaction of the interviewees: patients labeled episiotomy as a violation of sexual, reproduction and emotional rights. KEY WORDS:Episiotomy; Pregnant women ; Unified Health System; Humanizing Delivery; Humanization of Assistance. INTRODUÇÃOA episiotomia é um processo cirúrgico no qual é executada uma incisão no períneo da mulher, no segundo período do parto, ou seja, momento da expulsão do feto. A palavra deriva do termo Epision que significa região pubiana. Esta técnica pode ser realizada com dois

Episiotomia de rotina: necessidade versus violência obstétrica

“…18 Nesse sentido, impõe-se que sua realização sem autorização da mulher configura-se VO, sendo uma mutilação genital que agride a integridade e autonomia da mulher, tornando a atenção desumanizada. 24 Visto esse ato de omissão como uma violação dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher quando os profissionais de saúde tomam para si a decisão pela escolha da episiotomia, negando-lhes o direito de optar pela realização ou não desse procedimento. 25 As mulheres submetidas ao procedimento, em sua maioria, desconhecem o termo e sua necessidade.…”

“…As parturientes ainda relataram dispareunia e se preocupavam com a estética da genitália pós-parto. 24 No parto com realização de episiotomia há uma significativa perda sanguínea de 327,0mL enquanto que, no parto sem a incisão essa perda cai para 196,5mL, consequentemente isso reflete no puerpério, uma vez que os níveis hemáticos demoram a se estabelecerem em pacientes com o procedimento se comparados às que não sofreram episiotomia. [33][34] O procedimento em questão também se mostrou intimo aos traumas, principalmente à laceração de grau II 33,[35][36] e está associado a ocorrência e continuidade da dor perineal mais intensa nos pós parto, sendo duas vezes mais acentuada se comparada a um parto sem episiotomia, independente da paridade, [34][35] podendo se estender ao nível semestral 37 e até anual como demonstrou estudo em que, 16% das pesquisadas relataram dor anual e destas 66% haviam sido submetidas a episiotomia.…”

“…36 A assistência ao parto com profissionais capacitados e responsáveis é o fator mais importante para diminuição da mortalidade materna e complicações decorrentes do parto. 24 Responsabilizando-os ainda por toda informação transmitida ou ocultada à paciente, que devem ser precisas, claras e verdadeiras valorizando a ética de sua profissão. 26 Pensamento este que não é partilhado por todos os profissionais na sala de parto, alguns, especialmente médicos residentes e preceptores, acreditam que a decisão deve ser tomada apenas pelo profissional, pois consideram que neste momento a mulher é incapaz de decidir sobre o que é melhor para ela e seu filho.…”

Análise de fatores associados à prática da episiotomia

“…10 8 To map the perceptions of the parturients in relation to the episiotomy suffered with or without their knowledge and consent and its consequences in the postpartum period . 11 Of the 50 interviewees, there were 85 normal deliveries, and 59 underwent episiotomy and, of these, 45 underwent episiotomy without the consent or knowledge of the parturient. 11 9 To review the literature to evaluate if the performance of selective episiotomy protects against severe perineal lacerations, its indications, and the best technique to perform this procedure .…”

“…11 Of the 50 interviewees, there were 85 normal deliveries, and 59 underwent episiotomy and, of these, 45 underwent episiotomy without the consent or knowledge of the parturient. 11 9 To review the literature to evaluate if the performance of selective episiotomy protects against severe perineal lacerations, its indications, and the best technique to perform this procedure . 12 Episiotomy should be performed selectively rather than routinely, where median episiotomy increases the risk of severe lacerations and the most frequently mentioned indications for episiotomy are primiparity, fetal weight greater than 4 kg, prolonged expulsive period, operative delivery, and dystocia of shoulder.…”