As investigações baseadas no conhecimento ergológico demonstram que a atividade desenvolvida pelos trabalhadores não se reduz a uma perspectiva heterônoma, constituindo, diferentemente, iniciativas que configuram práticas e representações sociais originais. Conceitos como debate de normas e uso de si expressam como as relações sociais vividas no trabalho são perpassadas por embates de práticas e ideias numa permanente negociação do ser social. Porém, em que pese essa discussão revele que a experiência do trabalho vai além do econômico, ela não dispensa a consideração do mesmo, na medida em que é nesse contexto que ocorrem a disputa pelo uso de si e os debates de normas. Nosso propósito neste artigo é discutir as aproximações entre, de um lado, a categoria da maisvalia na teoria de João Bernardo, entendida como relação social contraditória em que os trabalhadores lutam por apropriar-se do produto do seu trabalho e os capitalistas buscam apropriar-se da produção dos primeiros, e, de outro, os conceitos de debate de normas e valores e de uso de si. De certa forma, nos propomos um questionamento da teoria ergológica no sentido de trazer contribuições à mesma, com vistas a uma abordagem interdisciplinar e omnilateral das práticas sociais educativas experienciadas nas relações de produção.